O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta terça-feira abrir uma ação penal contra a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) por desvio de verba pública, crime classificado pelo órgão como peculato. Durante a sessão da primeira turma do STF, presidida pelo ministro Marco Aurélio Mello, foi decidida por maioria, com três votos favoráveis contra um, a aceitação da denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra a parlamentar.

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A defesa de Jaqueline, representada pelo advogado José Eduardo Alckmin, tentou argumentar que a parlamentar não poderia ser acusada de peculato por não ser funcionária pública à época. O argumento, contudo, não foi aceito pelos ministros que, à exceção de Marco Aurélio, aceitaram a denúncia apresentada pela PGR. Votaram favoravelmente à abertura da ação Rosa Weber, Luiz Fux e Luis Roberto Barroso, relator do caso.

A acusação é um desmembramento da Operação Caixa de Pandora, que ficou popularmente conhecida como Mensalão do DEM. O caso, deflagrado em 2009, revelou um esquema de corrupção no governo do Distrito Federal. As acusações contra Jaqueline, filha do ex-governador do DF Joaquim Roriz, surgiram após a divulgação de um vídeo em que ela e seu marido, Manoel Neto, aparecem recebendo propina.

De acordo com denúncia recebida pelo STF, a parlamentar recebeu quantias que variaram de R$ 30 mil a R$ 50 mil quando concorria a uma vaga na Câmara Distrital. O dinheiro, pago pelo então Secretário de Relações Institucionais do governo do DF, Durval Barbosa, serviria para que a candidata apoiasse a candidatura de José Roberto Arruda (PR), que concorria ao governo do Distrito Federal. “A retribuição foi determinada pelo então candidato José Roberto Arruda, tendo em conta o compromisso de que Jaqueline Roriz não pediria votos a favor da coligação da candidata Maria de Lourdes Abadia”, diz trecho da denúncia recebida pelo Supremo. O pagamento foi feito porque Maria Abadia, que ocupava em 2006 o governo do DF e disputava a reeleição, pertencia ao mesmo partido que Jaqueline, que era filiada ao PSDB à época.

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O vídeo que mostra o momento em que a parlamentar teria recebido pessoalmente R$ 50 mil de Barbosa foi gravado em 2006. As provas contra a parlamentar foram acrescidas de depoimento do ex-secretário, pivô do esquema de corrupção, que fez um acordo de delação premiada em troca de abrandamento da pena.

Além do dinheiro em espécie, Jaqueline teria solicitado o recebimento de rádios Nextel para uso durante a campanha eleitoral. De acordo com o STF, os rádios seriam alugados pelo Governo do Distrito Federal na empresa Linknet e o gasto com os telefones seria pago com recursos públicos, oriundos do governo do Distrito Federal.

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Condenação

Em dezembro de 2013, Jaqueline foi condenada por improbidade administrativa também no caso do mensalão do DEM. A condenação fez com que a Justiça eleitoral rejeitasse este ano a candidatura da parlamentar à reeleição na Câmara dos Deputados. Com a decisão desta terça, a parlamentar passa a ré em processo, mas a condenação depende ainda de análise do tribunal, que agora dará início à fase de avaliação de provas e de coleta de testemunhas.