Foto: Arquivo/O Estado

Reinhold Stephanes: "Não há comparação possível com eles".

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O secretário estadual do Planejamento, Reinhold Stephanes, acha que o teto salarial do serviço público, estipulado anteontem pelo Supremo Tribunal Federal em R$ 24,5 mil, é um contra-senso à realidade salarial do País. Para o atual secretário e ex-ministro da Previdência, o teto não poderia tomar como referência o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal, mas ser calculado sobre a média dos ganhos da administração pública no País.

"A minha tese que sempre defendi é que vincular o teto dos ganhos dos servidores públicos a um ministro do STF é um absurdo. Porque se trata de um grupo de onze pessoas que concentram o mais alto saber jurídico da nação", analisou Stephanes. O ex-ministro da Previdência acha que os vencimentos dos ministros não poderiam servir como parâmetro para os demais servidores públicos já que, em tese, têm a mais alta qualificação do País. "Eles estão acima de qualquer outro brasileiro sob esse ponto de vista e não poderiam servir de base para o teto. Não há comparação possível com eles, que integram a mais alta corte do País", analisou o secretário do Planejamento.

Stephanes afirmou que se trata de um único caso no mundo, onde o teto da administração pública é vinculado ao dos mais graduados servidores. "Não poderíamos ir ao extremo. O mais sensato seria, talvez, estabelecer o teto no salário do presidente da República", afirmou o secretário do Planejamento.

Para o secretário, este debate está equivocado desde o início. "O erro é que a Constituição Federal estabeleceu esse parâmetro. Somente uma mudança poderia recolocar essa questão sob outro patamar", afirmou.

Abaixo do teto

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No Executivo paranaense, Stephanes garante que nenhum servidor será afetado pelo corte determinado pelo STF para os funcionários que ganharem mais do que os R$ 24,5 mil. No levantamento feito pelas secretarias da Administração e Planejamento não há nenhum caso que supere o teto. O maior salário do Estado pertence ao governador e ao vice-governador e fica em torno de R$ 20 mil, citou o secretário. Procuradores do Estado também ficariam numa faixa mais alta de vencimentos, mas a média é de R$ 13 mil, comparou.

No Poder Judiciário, a informação é que não há na folha de pagamento qualquer servidor que receba atualmente mais do que o limite estabelecido pelo STF. Fontes do Judiciário citam que o salário médio do desembargador, o mais alto do Poder, está em R$ 18 mil, podendo variar de acordo com algumas gratificações .

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No Legislativo, a maior remuneração cabe aos procuradores. Em alguns casos, segundo levantou O Estado, o salário pode chegar a R$ 19 mil. Os vencimentos dos deputados são vinculados aos dos deputados federais. A remuneração dos deputados estaduais corresponde a 75% do salário dos deputados federais e está fixada em R$ 9,5 mil.

Stephanes afirmou que, certamente, o efeito do teto do STF deve ser mais acentuado no plano federal. Ele citou que há servidores que acumulam a função pública com aposentadorias também em cargos públicos. "Na soma é que se ultrapassa o valor do teto", explicou o secretário.