Soldados protestam contra desligamento da Força Aérea

Há dois dias, os Palácios do Planalto e do Alvorada convivem com o ensurdecedor barulho de vuvuzelas e cornetas usadas em estádios de futebol, tocadas por cerca de 20 soldados da Aeronáutica desligados da Força Aérea, após seis anos de serviço. Hoje, incomodada e constrangida com o barulho, durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), no Planalto, que atrapalhava a apresentação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com explicações sobre inflação, a presidente Dilma Rousseff chamou o chefe do cerimonial e pediu providências para a suspensão da manifestação.

Um representante da Secretaria-Geral da Presidência conversou com os soldados, prometendo que seriam recebidos no início da tarde de hoje. Pacificamente, eles suspenderam o protesto.

Os manifestantes avisaram, no entanto, que estavam paralisando o ato, mas que queriam ser recebidos apenas pela presidente Dilma para que ela autorizasse a reintegração deles à Força Aérea, sob a alegação de que têm um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) a seu favor. A Aeronáutica alega que eles foram despedidos na forma da lei e que o decreto 880 não permite que eles retornem ao serviço militar.

Sentindo-se “enrolados” pelo governo, já que foram recebidos apenas por assessores palacianos que querem “prosseguir negociando”, um dos representantes da Associação Nacional de Ex-Soldados Especializados, Waldiomar Sizo, do Pará, avisou que só haverá desmobilização se os soldados forem recebidos pela presidente e que eles prometem trazer os 15 mil atingidos pela medida para a capital federal. Os manifestantes ameaçam, ainda, dar continuidade ao ritual de manifestações, pela manhã no Alvorada e durante o horário do expediente na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto.

Após a reunião do CDES, a presidente Dilma cumpriu agenda no Palácio da Alvorada e conseguiu ficar longe do som das vuvuzelas.