O presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Enrique Santos Calderón, alertou ontem para o cenário que desponta na América Latina com um sofisticado “esquema legal” implantado por diversos governos para enfraquecer a imprensa independente. Durante a penúltima jornada da assembleia da SIP, realizada em Buenos Aires, Calderón sustentou que “está sendo construída uma arquitetura legal” contra os meios de comunicação por parte de governos, fazendo alusão à Venezuela, à Argentina, ao Equador e à Bolívia, entre outros. Segundo ele, esses países exibem “um marco popular e democrático, que é pretexto para aprovar leis que debilitam os meios de comunicação”.

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No Brasil, levantamento da Associação Nacional de Jornais (ANJ), divulgado em agosto, revelou que, em um ano, houve 31 casos de censura à imprensa brasileira, 16 deles decorrentes de decisões judiciais. O jornal O Estado de S. Paulo sofre censura prévia desde 31 de julho. Liminar do desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, proibiu o periódico de publicar reportagens sobre a operação Boi Barrica, da Polícia Federal (PF), que tem como alvo o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Para ele, a liberdade de imprensa na região corre riscos com o projeto do Equador para os meios de comunicação, elaborado pelo presidente Rafael Correa, que “pretende limitar ação do jornalismo”. Santos Calderón ressaltou também o caso da Argentina, onde a imprensa “enfrenta sérios desafios”, entre os quais piquetes de sindicalistas aliados do governo para impedir a distribuição de revistas e jornais, inesperadas blitze do Fisco sobre as empresas de mídia e ameaças a jornalistas.

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