Serra quer providências da OAB contra quebra de sigilo

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, aproveitou hoje sua participação no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para tratar da questão da quebra de sigilo fiscal de sua filha e de seu genro por funcionários da Receita Federal. Serra disse que é preciso que a OAB tome providências para que, num episódio como esse, a vítima não se transforme em culpada e os culpados não se transformem em vítima, como, segundo ele, ocorre hoje com esse caso.

O presidenciável afirmou que queria propor uma aliança com a OAB, não eleitoral, mas pós eleição, para, se eleito, sair com a instituição em defesa da democracia, dos direitos humanos e do Estado democrático, começando pela transparência da administração do governo.

Serra criticou o que chamou de “esquerdinha brasileira”, ao compará-la com a esquerda do Chile, onde viveu, quando exilado. Segundo ele, a esquerda no Chile era vista como movimento de transformação e estava sempre em defesa do Estado de Direito. Hoje, afirmou, a esquerda brasileira menospreza o Estado de Direito, passa por cima dele para acobertar seus crimes e ainda usa os instrumentos do Estado de Direito para defender seus aliados e perseguir seus adversários.

Para o tucano, na violação do sigilo fiscal de sua filha e do genro, tanto a direção da Receita Federal quanto a Corregedoria do órgão têm mentido sistematicamente ou se omitido. “Primeiro eles disseram que tinham uma procuração sabendo que era falsa, mas não deram a informação da falsidade do documento”, lembrou. Serra disse que não tem dúvida do caráter eleitoreiro dessa quebra de sigilo.

Ele também criticou o lobby instalado em ministérios para arrecadar dinheiro público e disse que a Casa Civil virou foco de escândalo depois da reportagem da revista Veja desta semana, que denuncia o suposto envolvimento da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, em esquema de lobby para beneficiar seu filho. Para Serra, o que aconteceu foi “gravíssimo” e tem de ser muito bem investigado.

No encontro com o conselho da OAB, José Serra se comprometeu, se eleito, mandar em 30 dias ao Congresso um projeto de reforma política de forma fatiada, para que as resistências não se aliem contra a proposta. A reforma começaria pelo voto distrital, que tanto pode ser misto como em lista. O tucano disse que não acredita em financiamento público de campanha porque acha que o dinheiro paralelo, que, segundo ele, está hoje nas campanhas, vai continuar.