Serra: investir em transporte público é transferir renda

Possível candidato à Presidência pelo PSDB, o governador de São Paulo, José Serra, classificou hoje os investimentos que fez em transporte público no Estado como um tipo de transferência de renda. Criticado pela oposição por sua atuação na área social, Serra tentou se mostrar presente em um tema dominado por sua provável adversária nas eleições, a ministra Dilma Rousseff (PT), candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Melhoria de transporte coletivo é dinheiro no bolso das pessoas, com mais tempo para lazer ou para trabalhar mais. É uma transferência de renda”, afirmou, em evento da Secretaria dos Transportes Metropolitanos na capital paulista. Na ocasião, Serra firmou Parceria Público Privada (PPP) no valor de R$ 1,8 bilhão para compra e manutenção de 36 trens para a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Para o governador, a oposição “finge não entender” a importância de investimentos como esse. “A oposição aqui de São Paulo, que tem falta de assunto, finge não entender”, disse. “Estamos trabalhando como nunca. Nunca se fez tanta obra, tanta inovação e se trouxe tantos equipamentos (para o transporte sobre trilhos) como nesse período.”

O Plano de Expansão SP, para melhoria do transporte sobre trilhos, será uma das bandeiras de Serra na disputa presidencial. A economia de tempo dos usuários promete ser o mote. Desde o início do ano, o governo espalhou pelas estações do metrô cartazes comparando o tempo de viagem antes e depois da expansão, mesmo que, em muitos casos, as obras só fiquem prontas daqui a anos.

A PPP assinada hoje prevê que um consórcio de três empresas produza e entregue 36 trens e cuide da manutenção deles por 30 anos. A empresa entra com R$ 1,6 bilhão e o Estado com R$ 200 milhões. De acordo com o secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, as empresas fornecerão os trens e, aos poucos, o governo entrará com a contrapartida.

O primeiro trem dessa leva será entregue em 2011. Os outros estarão prontos até 2013. As composições substituirão a frota da que hoje circula pela Linha 8 – Diamante da CPTM, que vai de Amador Bueno até a Estação Júlio Prestes, no centro da capital.

‘Frufru eleitoral’

Serra aproveitou a cerimônia para anunciar que até 30 de março o governo concluirá a vedação de seis linhas da CPTM, ou seja, a construção de muros ou a colocação de grades para impedir o acesso de pedestres aos trilhos. De acordo com o governador, as proteções garantem a segurança dos moradores vizinhos à linha do trem e diminuem as interrupções no sistema por acidentes. As modificações custarão ao Estado R$ 99 milhões.

“Para vocês terem uma ideia da prioridade que damos a isso, nós pusemos dinheiro do Tesouro nisso”, disse Serra. “Com R$ 100 milhões dava para fazer muita coisa visível, que pudesse render mais votos, muito frufru eleitoral.” O presidenciável disse que seu governo optou por colocar dinheiro em “uma obra que quase não se vê”, mas é “importante”.

O tucano fez questão de reforçar números de sua gestão na área de transporte público. Prometeu, até o final de 2010, completar a entrega de 99 trens novos para Metrô e CPTM. O equipamento faz parte de uma compra de 107 composições. Oito serão entregues até março de 2011. Como 24 trens já estão em circulação, o governo terá de entregar, a partir de agora até o final do ano, 75 composições. “É o maior investimento da história de São Paulo e do Brasil”, gabou-se Serra.