Eleição

Serra inicia sua campanha no Estado

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, informou ontem em Londrina, no Norte do Paraná, que fará o primeiro ato público de sua campanha em Curitiba, provavelmente na Boca Maldita, tradicional centro de manifestações e comícios da capital paranaense.

A data ainda não está confirmada, mas, segundo sua assessoria, será segunda ou terça-feira da semana que vem. “Curitiba representa a média do sentimento nacional”, justificou o tucano.

Serra não quis comentar a pesquisa Datafolha divulgada ontem (veja matéria abaixo), que, contrariando os recentes levantamentos do Ibope e a Instituto Sensus, o coloca na dianteira em relação à petista Dilma Rousseff. “Não comento pesquisas”, disse.

O tucano afirmou que a ausência de Dilma e demais candidatos à sabatina promovida anteontem, em Brasília, pela Confederação Nacional de Agricultura (CNA) é “ruim para o eleitor”.

“O candidato precisa expor suas ideias, não ocultá-las”, disse. Ele observou que a ausência de Dilma a privou de apresentar seu pensamento sobre o MST ao lado dele. Em vez disso, “ela preferiu atacar-me a distancia”, afirmou.

Serra disse que não é necessário criar uma Central de Defesa de Boatos para se defender do “terrorismo” praticado pelo PT e aliados, que o acusam de ter a intenção de extinguir os programas sociais do governo caso seja eleito.

“O brasileiro me conhece e sabe que sou responsável ou participei da criação da maioria dos programas sociais vigentes”. Ele lembrou que o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) foi proposto por ele quando deputado constituinte.

Serra viajou a Londrina para assistir ao jogo do Brasil com a Holanda ao lado de Beto Richa, candidato tucano ao governo do Paraná. Ele se sentou na primeira fila de um centro de convenções, que transmitiu o jogo num telão, comeu um sanduíche natural, de queijo e tomate – cedendo parte dele ao deputado federal Gustavo Fruet, (PSDB) – e ficou em pé quando Daniel Alves cobrou uma falta, no final do jogo. “A dor da derrota”, comentou, “é uma dor que vai ficar”.

Serra brincou com o auditório afirmando, em menção ao confronto Alemanha x Argentina, que sabia que todos ali eram “alemães desde criancinha”, advertiu que, como o voto, “minha torcida de agora em diante é secreta”, e deixou a dúvida no ar: “Sou três quartos italiano e um quarto argentino, pois uma avó era argentina”.

O senador Flavio Arns, que deixou o PT para se filiar ao PSDB, sentou-se ao lado de Serra. O outro senador tucano pelo Paraná, Alvaro Dias, preterido em favor do deputado Indio da Costa (DEM-RJ) para ocupar a vaga de vice na chapa de Serra, não compareceu.

Alvaro preferiu ficar em Brasília e assistir o jogo com a sua família. Analistas colocam Alvaro Dias na conta de um dos vários erros de campanha de Serra, que deram condições para que Dilma o ultrapassasse em duas pesquisas quando isso ainda não estava previsto.

A primeira delas foi o PSDB ter criado a grande expectativa de que o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves poderia ser o vice de Serra e uma espécie de “Messias” que traria a vitória.

Depois, segundo Carlos Mello, professor do Insper, o senador Álvaro Dias foi o escolhido, o que abriu uma crise na parceria política entre o DEM e o PSDB. “Os Democratas aproveitaram que Serra não estava tão bem junto ao eleitorado e foram firmes na indicação do vice”, disse.

“O fato é que esta questão da escolha do companheiro de chapa causou uma lambança tão grande que só prejudicou a candidatura, num momento em que a campanha deveria estar azeitada e funcionando direito”, disse.