A diferença no porcentual de votos entre Dilma Roussef (PT) e José Serra (PSDB) no primeiro turno dessa eleição presidencial manteve-se praticamente inalterada no segundo turno. Enquanto na primeira etapa do pleito Dilma obteve um porcentual de votos 14,52% acima de Serra, no dia 31 de outubro a diferença foi de 12,04%. O especialista em marketing político e pesquisa eleitoral Sidney Kuntz fez um levantamento comparando os votos recebidos por ambos nas duas etapas da corrida presidencial e constatou que o crescimento de Serra e de Dilma na reta final do pleito ocorreu em função dos votos herdados da presidenciável do PV, Marina Silva.

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Segundo Kuntz, esta eleição teve como pano de fundo três fatores que poderiam alterar o voto do eleitorado: os escândalos que atingiram a campanha do PT (caso Erenice Guerra) e a do PSDB (caso Paulo Preto), o desempenho dos candidatos nos debates e a transferência de votos de Marina Silva no segundo turno. “Dentre todos esses fatores, o mais significativo, ou o que podemos mensurar, são os votos migrados de Marina Silva. A campanha ficou polarizada e praticamente não houve perda (de votos) de Dilma para Serra ou vice-versa”, afirmou. “A votação alcançada pela candidata verde mostrou seu peso político em escala nacional. Ela é maior que o partido, o peso é dela e não do PV.”

No segundo turno, informa o especialista em marketing político, o voto já estava cristalizado. Portanto, apesar do apoio do governador eleito por São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e do senador eleito por Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), o presidenciável José Serra não cresceu consideravelmente em São Paulo ou em Minas Gerais. O aumento foi de apenas 1,9% em cada um dos Estados. Ele acredita que a ida de Serra ao segundo turno se deu muito em função dos esforços de Alckmin, a quem denomina “um dos grandes puxadores de voto”.

Apesar de a petista Dilma Roussef ter registrado seu maior índice de votação na região nordeste, Kuntz descarta a afirmativa de que a eleição presidencial foi definida nessa região do País. “A eleição foi ganha no Brasil inteiro,” reiterou o especialista. No seu entender, a tendência de um volume maior de votos no Nordeste a favor da candidata petista já era prevista pela campanha tucana. Para reverter o cenário, era necessário o PSDB captar um volume de votos muito maior no Sudeste, o que não aconteceu.

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