O marqueteiro João Santana e sua esposa Mônica Moura foram condenados nesta quinta-feira pelo juiz federal Sérgio Moro pelos crimes de lavagem de dinheiro no esquema de corrupção investigado na Petrobrás pela Operação Lava Jato.

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“Condeno João Cerqueira de Santana Filho por nove crimes de lavagem de dinheiro do art. 1º, caput, da Lei n.º 9.613/1998, pelo recebimento de produto de crime de corrupção, mediante condutas de ocultação e dissimulação que lhe conferiram aparência lícita”, escreve Moro, em sua primeira sentença de 2017. O juiz da Lava Jato voltou ao trabalho nesta quarta-feira, 1.

“Entre os nove crimes de lavagem, reconheço continuidade delitiva. Considerando a quantidade de crimes, elevo a pena do crime em 2/3, chegando ela a oito anos e quatro meses de reclusão e cento e oitenta dias multa”, estipulou Moro, ao calcular a dosimetria da pena.

“Condeno Mônica Regina Cunha Moura por nove crimes de lavagem de dinheiro do art. 1º, caput, da Lei n.º 9.613/1998, pelo recebimento de produto de crime de corrupção, mediante condutas de ocultação e dissimulação que lhe conferiram aparência lícita.”

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Foram condenados ainda o ex-presidente da Sete Brasil João Carlos de Medeiros Ferraz, o ex-executivo da empresa e ex-gerente da Petrobrás Eduardo Musa e o lobista Zwi Skornicki. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto também estão entre os condenados.

Segundo a denúncia da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, os envolvidos acertaram propinas do Grupo Keppel Fels em contratos de plataformas e navios-sondas da Petrobrás.

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Um deles de 2004, para construção da Plataforma P-51 (contrato de USD 826.610.089,53, com aditivos de USD 219.602.926,83). Valor da propina: USD 8.266.100,89. Outro de 2003, para serviços de construção do casco Topsides e integração da Plataforma P-52 (valor do contrato USD 850.013.298,39, com aditivos de USD 253.781.523,87). Propina de USD 8.500.132,98. Outro de 2007, para construção da Plataforma P-56 (USD 1.231.525.084,55, com aditivos de USD 55.667.146,55). Propina paga de USD 12.315.250,84. E um contrato de 2009,  para adequação do casco do navio MT Roncador para Plataforma P-58 (valor USD 133.713.752,22, com aditivos de USD 24.425.752,22), com propinas de USD 1.337.137,52.

O Consórcio FSTP era composto pelas empresas Keppel Fels, Setal Óleo e Gás e Technip.

“Do montante de 1% de propina calculado sobre o valor dos contratos, metade foi destinada aos agentes da Petrobrás, notadamente ao Diretor de Engenharia e Serviços da Petrobrás, o Renato de Souza Duque, e ao gerente do Setor de Engenharia e Serviços da Petrobrás, o Pedro José Barusco Filho”, escreve o juiz, ao resumir a acusação.

Os agentes públicos seria indicação do PT no esquema de corrupção na Petrobrás, que desviava de 1% a 3% em contratos para agentes e políticos dos partidos da base dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff – em especial, PT, PMDB e PP.

“A outra metade (da propina da Keppel Fels)) seria destinada ao Partido dos Trabalhadores, responsável pela sustentação política de Renato de Souza Duque no cargo. O acusado João Vaccari Neto era o responsável pela arrecadação desses valores e destinou parte deles para pagamentos de serviços publicitários destinados ao Partido dos Trabalhadores e prestados pelos acusados Mônica Regina Cunha Moura e João Cerqueira de Santana Filho.”