O grupo de senadores brasileiros que está na Venezuela participou nesta quinta-feira, 25, de encontro na sede do partido Vontade Popular, em Caracas. Os parlamentares receberam pedidos de representantes da oposição ao governo de Nícolas Maduro para que intercedam pelos presos políticos no país. Entre os integrantes da comitiva, que chegou na madrugada desta quinta-feira a Caracas, estão os senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Lindbergh Farias (PT-RJ), Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM) e Telmário Mota (PDT-RR).
O grupo de senadores brasileiros foi recebido por Lilian Tintori, esposa de um dos principais líderes opositores Leopoldo López, coordenador nacional do partido Voluntad Popular, que está preso. Lilian explicou os motivos da greve de fome realizada pelo marido, suspensa na última terça-feira, após 30 dias. A decisão foi tomada depois de o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela ter marcado a data das eleições parlamentares para o dia 6 de dezembro.
“Não entendemos como a Venezuela pode ter líderes opositores presos”, afirmou Lilian. Ela aproveitou a ocasião para pedir aos senadores que façam uma visita ao marido. Não houve respostas. Segundo ela, López está impedido de receber visitas de parentes e médicos de confiança da família. “Peço que intercedam pela liberação de Leopoldo e de todos os 75 que estão presos injustamente”, ressaltou.
No encontro, que contou ainda com a presença de Mitzy Capriles, esposa de Antonio Ledezma, que também está preso, foi lembrado o episódio da última quinta-feira, 18, quando grupo liderado pelos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Aloysio Nunes (PSDB-SP) não conseguiu sair das redondezas do aeroporto de Maiquetía para visitar lideranças de oposição a Maduro.
Além do encontro na sede do partido opositor, os senadores também devem se reunir com Jesús ‘Chuo’ Torrealba, secretário executivo da Mesa da Unidade Democrática (MUD), composta por partidos de oposição. Segundo Lindbergh, também haverá um encontro com Henrique Capriles, que disputou a última eleição presidencial contra Maduro. Na agenda, também está prevista uma reunião com presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, deputado Diosdado Cabello (PSUV).
Na final da manhã de hoje, a comitiva de senadores se reuniu com representantes do Comitê das Vítimas da Guarimba. No encontro, que contou com a participação de três representantes do comitê, foram lembrados episódios dos confrontos ocorridos após as eleições presidenciais realizada em abril de 2013 em que Maduro venceu Capriles, por apenas 1,5% votos.
Entre os depoimentos estava a da tenente Velasquez, que informou aos senadores que perdeu o marido em uma das ações contra militantes opositores. Segundo ela, no meio de uma das manifestações, realizadas no início de 2014, o marido foi surpreendido com um tiro pelas costas ao tentar ajudar um colega ferido na perna.
Nesse encontro, realizado em um dos auditórios do hotel em que se hospedaram os senadores, também foi exibido um vídeo com a cronologia dos embates após as eleições presidenciais e depoimentos de outras vítimas. “(Esses episódios) mostram que as manifestações não eram pacíficas”, ressaltou Mitzy. “Nenhuma violência é boa para qualquer um dos lados. O que rechaçamos é ser chamado para a violência”, emendou Desirre Cabrera, integrante do Comitê.