Senador do PDT volta a cobrar afastamento de Renan Calheiros

Mesmo com a abertura de processo disciplinar contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Jefferson Péres (PDT-AM), voltou a cobrar nesta quarta-feira (6) que o peemedebista deixe o comando da Casa até que seja concluída a investigação sobre possível quebra de decoro por parte de Renan. O presidente do Senado é acusado de utilizar o lobista Claudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, para fazer pagamento de pensão à jornalista Monica Veloso, com quem tem uma filha. "Reitero agora o que manifestei desde o início do affair: acho que seria melhor que ele tivesse se afastado temporariamente da presidência", afirmou Péres. O pedetista argumentou que, mais do que nunca, o Senado precisa de transparência e de mostrar à sociedade que está em busca da verdade.

"Ser réu em um processo disciplinar é uma situação constrangedora para ele próprio, que a partir de agora tem cinco dias úteis para apresentar sua defesa", afirmou. "O Renan, no entanto, acha que não", lamentou. Apesar da manifestação, Renan avisou nesta quarta-feira mesmo que não tem nenhuma intenção de deixar o posto. Ele avisou que continua a presidir o Senado. "Estou absolutamente tranqüilo porque estou com a verdade e quem está com a verdade não teme nada. Estou à disposição do Senado e continuarei representando o Senado. Ao final, a verdade vai prevalecer", afirmou.

Antes defensores da licença de Renan da presidência do Senado, os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e José Nery (PSOL-PA), afirmaram que com a abertura do processo contra o peemedebista no Conselho de Ética não há razão para afastamento neste momento. "Defendi o afastamento antes porque havia o temor de que Renan pudesse influenciar para que não fosse aberto o processo no Conselho de Ética. Agora, uma vez instalado o procedimento, e tendo até relator já escolhido, não há necessidade", disse Simon. O relator do processo contra Renan será o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA). Ele se elegeu na chapa da senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) quando ela disputou, no ano passado, o governo do Maranhão. Cafeteira é aliado de Renan.

Na mesma linha de Simon, Nery disse que, embora seu partido, o PSOL, tenha defendido o afastamento de Renan do comando da Casa, não considera condição a ausência do peemedebista da presidência neste momento. "A posição do partido foi essa mas a minha, particularmente, nunca foi pelo afastamento dele. Penso que a decisão de se afastar é de foro íntimo e que deve ser tomada apenas se Renan não se sentir confortável no posto até a conclusão do processo", disse Nery.

Para o senador do PSOL, o importante agora é que o conselho trabalhe e que as regras regimentais sejam cumpridas. "Estaremos todos vigilantes", disse. Nesta quarta-feira, Renan voltou a dizer que utilizava Cláudio Gontijo apenas como intermediário para fazer repasses à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de três anos. E negou que tenha usado recursos de terceiros, inclusive da construtora Mendes Júnior.

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