Sarney diz não se opor à divulgação de dado da ditadura

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou hoje que a sua restrição em relação ao projeto de acesso a informações do governo não se refere ao período de ditadura no Brasil. Segundo ele, os dados dessa época devem, sim, ser divulgados. “Quanto a esses aí, eu não tenho nenhuma restrição, acho que devem ser abertos, devem ser publicados”, afirmou. Ele explicou que a sua preocupação envolve dados sobre a “construção” das fronteiras do País e eventuais conflitos que poderiam causar com os países vizinhos, como Bolívia e Peru.

“Não podemos fazer o WikiLeaks da história do Brasil, da construção de nossas fronteiras. Falei em documentos históricos. Não falei em documentos atuais”, alegou, referindo-se ao site que divulgou dados restritos da diplomacia norte-americana.

Para o senador, a apreciação do projeto enviado em 2009 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi feita “com muita pressa” e sem a cautela necessária para a avaliação das medidas que propõe. “Trataram dele de uma maneira muito geral, mas é um projeto longo, de mais de 20 páginas. Deve ser analisado para a gente criar um projeto que sirva ao País, à liberdade de opinião, de informação”, completou.

Sarney lamentou que a sua intenção de melhorar o texto tenha sido entendida como um veto à proposta. “Eu quero melhorar o projeto. Eu não quero que o projeto não exista. Agora, se o Congresso não pode nem melhorar o projeto, aí nem tem razão de ser”, afirmou.

Ele reiterou que está discutindo o caso “como intelectual e um estudioso da história do Brasil”. Reforçou preocupação em relação aos dados referentes à formação do País e não aos mais recentes. Argumentou que as informações referentes à sua gestão na Presidência, contidas em “quatrocentos e tantos mil documentos”, estão acessíveis no memorial instalado no Maranhão.