Rosinha desiste das prévias do PT de Curitiba

O deputado federal Florisvaldo “Rosinha” Fier se rendeu às pressões da direção nacional do PT e formalizou ontem a retirada de sua pré-candidatura à Prefeitura de Curitiba nas eleições do próximo ano. O anúncio da saída de Rosinha foi feito pelo presidente nacional do partido, José Genoino, apresentando o que chamou de “acordo” para unir o partido em torno da candidatura do deputado estadual Angelo Vanhoni, que disputou o segundo turno da eleição de 2000 com o prefeito Cassio Taniguchi (PFL).

A decisão de Rosinha de não disputar as prévias foi tomada há alguns dias, mas homologada em conversa com o presidente nacional do PT em Curitiba na noite de sexta-feira. Rosinha resistiu durante meses a se assumir como pré-candidato, por não acreditar que pudesse vencer Vanhoni nas prévias. Mas parecia disposto a ir em frente depois da reunião do diretório municipal do PT realizada há uma semana que marcou as prévias do partido para o dia 7 de dezembro. Ontem, Rosinha justificou que manteve seu nome na reunião do diretório porque ainda não havia conversado com Genoino.

O presidente nacional e Rosinha disseram ontem na entrevista coletiva que o acordo selado anteontem envolve todas as correntes do partido e garante a participação coletiva na condução da campanha de Vanhoni e na elaboração do programa de governo. Na campanha eleitoral de 2000, Vanhoni foi criticado por ter excluído setores do partido das decisões da campanha. “A unidade do partido será na direção e na base. Ninguém vai ser coadjuvante na campanha. O PT vai estar 100% unido na campanha. Não vai ter maioria ou minoria. Tudo será feito ouvindo todo o partido”, avalizou Genoino.

Facilidades

Com a saída de Rosinha do processo, o PT fica mais perto de fechar uma aliança com o PMDB. Vanhoni tem um fã-clube no PMDB de Curitiba. Já Rosinha nunca seria assimilado pelos correligionários de Requião. Assim como já havia dito há quinze dias em Curitiba, Genoino reafirmou ontem que todo o esforço do partido na cidade deve ser dirigido à construção de uma aliança com o partido do governador Roberto Requião. “A cabeça de chapa é do PT, mas devemos fazer todo o esforço para ter o PMDB como aliado principal”, disse o dirigente nacional.

Genoino disse que o critério para as alianças é fazer oposição ao PFL, local e nacionalmente, e que, em Curitiba, uma vitória PMDB-PT seria estratégica para a esquerda no País. “O projeto neoliberal se esgotou em Curitiba. Nós temos um projeto alternativo e as chances de ganhar em Curitiba são grandes”, disse o presidente nacional, afirmando que o seu partido tem pesquisas demonstrando esse quadro.

A direção municipal do PT não quis revelar os números da pesquisa de intenções de voto encomendada ao Ibope, mas disse que os dados serão tornados públicos no “momento oportuno”.

PMDB homologa executiva

O diretório municipal do PMDB homologou na manhã de ontem em Curitiba a composição da nova mesa executiva, que irá comandar o partido nos próximos dois anos. A chapa única Maurício Requião – Unidade Partidária, tem como presidente Doático Santos, que foi reconduzido ao cargo, e como vice-presidente Wilson Mendes. “Após um processo traumático, teremos agora uma chapa hegemônica. Por isso, a executiva é composta por integrantes da chapa Unidade de Oposição (que saiu vitoriosa na convenção municipal)”, afirmou Doático Santos.

O vereador Celso Torquato, que apoiava a candidatura própria, foi convidado para ocupar o cargo de vice, mas não aceitou. Mas, segundo Santos, a relação entre os dois lados não está abalada. “Tive uma conversa boa com o Marcelo Almeida, por telefone, e acertamos que na próxima semana vamos conversar para podermos unir o partido”, adiantou. Almeida era candidato a presidente pela chapa Candidatura Própria. “O partido é grande e tem que estar unificado. Vamos nos organizar para darmos início ao projeto ancorado pelo governador Roberto Requião, que deverá sair candidato à Presidência da República”, afirmou Doático Santos.

Para ele, o mais importante no momento é concentrar esforços para vencer as eleições do ano que vem. “Admitimos deixar de ser cabeça de chapa para vencermos a eleição. Mas não abrimos mão de fazermos uma aliança com o PT na proporcional e na majoritária”, destacou o presidente municipal.

Seguindo determinação do estatuto, a reunião foi comandada pelo membro mais velho do partido, no caso Milton Buabssi, secretário estadual de Relações com a Comunidade. Durante seu discurso, ele deixou claro que ainda espera uma mudança de posicionamento do PMDB, através de uma candidatura própria. “No meu entendimento o partido, que enfrentou oito anos de oposição no governo estadual, tem condições de disputar a Prefeitura de Curitiba, mas na política nada se exclui. Deixo a sugestão para quem quiser ser candidato que se apresente e comece a discutir projetos de governo. Aí sim poderemos fazer uma avaliação do quadro e ver qual a melhor posição que o partido pode tomar”, afirmou.

“Temos que cuidar do PMDB, porque senão corremos o risco de ficarmos em condição de inferioridade depois da eleição do próximo ano. Temos que ouvir diversas opiniões, mas o mais importante é que o partido vá unido e coeso”, disse Buabssi.

Já Maurício Requião garantiu que a decisão de aliança no primeiro turno está tomada. “Estamos obstinados na tarefa de construir a candidatura única. A decisão do PT em abrir mão da prévia e ter como candidato o Angelo Vanhoni ajuda muito nisso”, avaliou. Integram ainda a mesa executiva Cláudio Fajardo, como 2.º vice-presidente; Altino Loureiro Chagas, como secretário geral; Lúcia Arruda, como primeira secretária; e Raska Rodrigues, como tesoureiro. Como vogal, assumem Hudson Callef e Francisco Molinari; e nas suplências, Antônio Augusto Sávio, Luiz Bordenoski, Sheila Toledo e Ivan Ribas. (Fabiane Prohmann)

Voltar ao topo