O segundo debate entre candidatos ao governo do Estado do Rio, nesta terça-feira, 28, foi marcado pela ausência do senador Romário, do Podemos, líder nas pesquisas, e pela exploração das ligações entre o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) e o ex-governador Sergio Cabral (MDB) – preso sob a acusação de liderar um grupo político envolvido em esquemas de corrupção no Estado.

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A assessoria de imprensa de Romário relacionou a ausência do candidato no debate, promovido pelo jornal O Globo, à sua agenda de campanha em oito cidades do interior do Estado. Segundo a publicação, no entanto, o candidato não aceitou o convite. Sua cadeira foi mantida vazia.

No debate, Índio da Costa (PSD), Anthony Garotinho (PRP) e Tarcísio Motta (PSOL) elegeram Paes como alvo. Índio criticou a coligação do ex-prefeito – composta por DEM, MDB, PPS, PTB, PHS, PV, PMN, PP, DC, PSDB, Solidariedade e Avante. “É a mesma coligação que elegeu Cabral duas vezes, você duas vezes e Pezão uma vez, e deu no que deu”, disse Índio. O candidato do PSD afirmou também que “todo dia tem novidade” em relação a investigações de aliados de Paes pela Lava Jato.

Paes respondeu: “Eu respondo pela maneira como governei por oito anos no Rio. Vamos conduzir o governo do Estado com a mesma correção e esforço. Não podemos demonizar a política”. Segundo ele, as alianças não o impediram de ter quadros técnicos na gestão municipal.

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Garotinho, por sua vez, usou Paes para se defender de uma provocação de Índio sobre sua prisão, por crime eleitoral. “A população sabe que minha prisão não tem nada a ver com Lava Jato, é um processo eleitoral. Lava Jato é da turma do Eduardo Paes e do MDB”, disse.

O ex-governador fluminense ainda acusou Paes de lavar dinheiro no Panamá por meio de parentes. Ele levou um documento que atestaria a existência de duas empresas e de U$ 8 milhões (R$ 32 milhões) em nome do pai, mãe e irmã de Paes. Sem citar cifras, o candidato do DEM confirmou que os familiares possuem valores fora do País, mas garantiu que houve declaração ao Imposto de Renda e ao Banco Central e não há qualquer ilícito nas transações.

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Olimpíada

Tarcísio Motta (PSOL) disse que Paes é o “maior pai de elefantes brancos do Rio”, referindo-se a equipamentos usados na Olimpíada e hoje sem utilização. O candidato do DEM se defendeu dizendo que não deixou dívidas relativas aos Jogos Olímpicos na prefeitura.

Dois anos após o evento esportivo, ocorrido na gestão Paes, ainda há fornecedores sem pagamento. O ex-prefeito defendeu o legado olímpico para a mobilidade do carioca, citando vias como a Transoeste e a Transolímpica. “A Olimpíada não deixou nenhuma dívida. Os estádios não foram feitos com recursos públicos, não contraímos nenhuma dúvida para fazer estádio”.

Tarcísio lembrou o acidente na Ciclovia Tim Maia, na zona sul, que desabou, matando duas pessoas, pouco depois de ser inaugurada. O trecho ficava suspenso, sobre o mar. “Vamos perguntar o que acham os usuários da ciclovia Tim Maia. Morreu gente, e vocês botaram culpa na onda”, continuou o candidato do PSOL. Paes rebateu: “A última coisa que fiz foi colocar culpa em onda. Eu estava viajando por causa da Tocha Olímpica e voltei”.

A Petrobras e o setor naval foram outro assunto do debate. “Tem que retomar investimentos no Comperj (Complexo Petroquímico do Estado, com obras sob investigação), a indústria naval já gerou muito emprego e hoje gera quase nenhum, e os municípios têm que voltar a receber royalties. O governo do Estado vai ter que ter esse papel de pressionar a Petrobras nessa direção”, disse Paes, respondendo a questionamento feito por Índio sobre o assunto.

“Já há sinalização dos chineses de investir R$ 4 bilhões no Comperj. Com dólar subindo e Lava Jato saindo da Petrobras, o Rio vai voltar a arrecadar bastante recurso por conta dos royalties, mas não pode se desperdiçar esse dinheiro, como no passado”, pontuou Índio.