Reunião do ‘Conselhão’ ocorre sob batuta do PMDB

A primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) do governo Dilma Rousseff foi realizada já sob a batuta do ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Wellington Moreira Franco, e do PMDB, que queria aumentar o prestígio do cargo e dar mais robustez à pasta, sem qualquer importância política. Moreira Franco, que dava sinais ao Planalto de sua insatisfação com o minguado Ministério que comanda, conseguiu tomar do PT o chamado “Conselhão”, que é integrado por diversos segmentos da sociedade e funciona como uma espécie de voz destes diferentes segmentos nos ouvidos do governo.

Apesar de ter sido nomeado no Diário Oficial de hoje como novo secretário-geral do Conselho e de ter aberto a reunião, o brilho do encontro ficou por conta da fala de outros três ministros: Guido Mantega, da Fazenda, Alexandre Tombini, do Banco Central, e Antônio Palocci, da Casa Civil. Os dois primeiros falaram de inflação, da grande expectativa do empresariado e do mercado, e o terceiro falou de outro assunto de interesse do mercado: a concessão de aeroportos. A presidente Dilma também fez um importante discurso no encerramento da reunião.

Ontem, ao tomarem conhecimento da mudança que ia ser feita para atender ao apetite peemedebista, com a transferência do “Conselhão” da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) para a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), houve “apreensão” e “nervosismo” entre os conselheiros, que passaram o dia trocando telefonemas. Um dos conselheiros, Antoninho Marmo Trevisan, comentou que “havia uma preferência por ficar onde estava porque o entendimento era de que, estando o Conselho na SRI, haveria um maior impulso na relação política, por causa da proximidade do órgão consultivo com o Legislativo”. Mas agora, reconheceu, “a tensão passou”. “Rei morto, rei posto, e acho que está tudo resolvido”, atestou.

O ministro Moreira Franco, por sua vez, negou, em entrevista, que tenha exigido que sua pasta ganhasse mais musculatura política. “Não houve compensação. Política não se faz usando este tipo de verbo”, disse Moreira Franco, assegurando que não exigiu nada para continuar no cargo, como se especulava. “Primeiro porque eu não faço política dessa maneira. Segundo, eu sou ministro da presidente da República e ministro não faz exigências desta ordem. Eu vi ontem uma nota, uma nota despropositada, já que a decisão de vir o conselho para a SAE foi uma decisão tomada pela presidente há muito tempo e em nenhum momento houve qualquer dúvida e, tanto é assim que na primeira reunião nós já abrimos juntos”, justificou, evitando dar mais explicações sobre as mudanças.

Só que esta mudança, na verdade, só foi sacramentada ontem, o que obrigou Moreira Franco a vir do Rio de Janeiro para Brasília ainda nesta segunda-feira para assegurar o fechamento do acordo do governo com o partido de transferência do órgão para sua pasta.