Requião teme “direitização” de Lula

O governador Roberto Requião (PMDB) aproveitou a solenidade de lançamento do programa Luz Para Todos, do Ministério das Minas e Energia, no Palácio Iguaçu, para fazer um novo desabafo crítico sobre os rumos do governo federal.

Diante do diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, que representava a ministra Dilma Roussef, e de deputados estaduais e federais petistas (Florisvaldo “Rosinha” Fier, Natálio Stica, Tadeu Veneri) Requião disse que está “angustiado” e teme um processo de “direitização” do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na análise do governador, os rumos do governo federal no plano econômico estão se tornando piores do que os que nortearam os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Segundo o governador, há um desencontro na concepção de desenvolvimento do País e alguns setores do governo estão seguindo a mesma linha do governo FHC.

As críticas do governador foram dirigidas ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Segundo Requião, o grupo da Fazenda é que está dando linha ao atual governo. “O Brasil está numa situação muito difícil. Faço votos que o presidente Lula não vacile quando precisar vetar projetos de lei entreguistas. Devemos evitar a direitização, a dependência como instrumento de desenvolvimento”, disse.

Para que suas declarações não fossem tomadas como indício de rompimento com o PT, o governador disse que considera importante a manutenção da aliança com o PT. “Eu quero a mudança prometida. Mantemos a nossa postura de aliança firme com o PT. Com aquele PT que nos mobilizou a apoiarmos o Lula contra as orientações do nosso próprio partido.”

Defesa

Durante a solenidade, o governador também demonstrou sua irritação com editorial publicado no último domingo (dia 4) pelo jornal O Estado de São Paulo, que sob o título “No Paraná, o ralo da credibilidade do País”, fez severas críticas a Requião devido à sua contestação de contratos herdados do governo de Jaime Lerner (PSB).

Acusado no editorial de ser “um símbolo vivo do retrocesso”, o governador reagiu. “O atraso para eles é defender a reforma agrária, o atraso para eles é defender o interesse público na preservação da Sanepar que foi entregue a um grupo de picaretas nacionais e internacionais, o atraso para eles é brigar para que o pedágio não continue sendo o roubo que é, o que já demonstramos numa auditoria”, disse.

De acordo com o governador, o Paraná tem sido alvo da “ira e do desespero” de toda a direitona nacional. “A imprensa bate no governo do Estado do Paraná, mas nós fomos eleitos com compromisso e o compromisso era para ser cumprido. Vamos manter esse compromisso mesmo diante da absoluta falta de apoio que estamos tendo no Brasil. E continuou: “Parece que, hoje, defender o País e o interesse público é vergonha, e é crime. Mas eu não me sinto criminoso. Eu sou um guerreiro dos compromissos e das propostas”.

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