Requião se reúne com dissidentes do PMDB

Brasília e Curitiba – O governador Roberto Requião deve conduzir a reunião de hoje em João Pessoa (Paraíba) com o grupo dissidente do PMDB, que apóia o ex-presidente José Sarney (AP) como candidato a presidente do Senado .

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) participará da reunião como representante do grupo que apóia o candidato Renan Calheiros (AL). Ontem, Calheiros anunciou que o partido decidiu adiar a escolha de seu candidato à Presidência do Senado para o dia 31, na véspera da eleição para a escolha das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado.

Ainda na tarde de ontem, Requião lançou o nome de Simon para líder do PMDB no Senado e defendeu também a renovação da direção partidária. “Gosto muito do Renan (Calheiros, líder do PMDB no Senado e candidato à indicação do partido para presidente do Senado), mas ele precisa entender que participou de um PMDB que aderiu ao governo Fernando Henrique Cardoso, que nos levou a uma situação difícil em todo o país. Ele tem que parar para uma reflexão. O partido tem que mudar seu comando, tem que abrir espaço para outros grupos. Esse grupo afundou o PMDB. Não deixou que tivéssemos candidatos a presidente. Eles erraram”, disse o governador, que integra o bloco junto com os governadores Germanto Rigotto (RS) e Luiz Henrique da Silveira (SC) e o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia. O presidente do PMDB do Paraná, deputado federal Gustavo Fruet, disse que espera reunir hoje as nove assinaturas que ainda faltam para garantir a convenção do partido no dia 6 de fevereiro.

Na reunião de hoje, Requião vai reafirmar os termos do documento elaborado em Curitiba no sábado da semana retrasada (dia 4) pelas lideranças dissidentes do PMDB. No documento, ficou definido o apoio do grupo às candidaturas de Sarney para a Presidência do Senado; e do deputado João Paulo Cunha para a Presidência da Câmara Federal. O grupo também firmou compromisso formal de apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Consenso

O senador José Sarney, que se reuniu ontem em Brasília no hangar da TAM com o governador Roberto Requião, os senadores Pedro Simon e Valmir Amaral (PMDB-DF), e com o deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), disse acreditar que a unidade do PMDB poderá ser construída em torno do seu nome como candidato à presidência do Senado.

“Desejamos unir o PMDB para participar da formulação das políticas públicas do governo Lula. A reunião terá como principal objetivo propor a unidade do partido e o apoio ao presidente Lula, tão identificado com as causas sociais”, disse Sarney.

Questionado sobre a intervenção do Palácio do Planalto no processo de escolha do PMDB, Sarney disse que não houve essa intervenção, mas declarou ser natural a preferência do PT por seu nome. “Seria estranho que o PT e Lula não tivessem simpatia por mim. Fui aliado de primeria hora. Acreditei em seu projeto”, comentou.

Calheiros tenta aproximação

Brasília

(AG) – O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) quer aproveitar os 15 dias de adiamento da escolha do nome do partido a ser indicado para a presidência do Senado para marcar uma reaproximação com o PT, a ponto de ser considerado no Palácio do Planalto como um aliado do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, ligou para Calheiros e propôs uma solução negociada. A idéia é que a derrota do senador e da ala ligada a ele não seja muito “acachapante”, com diálogo entre Calheiros e o governo.

A bancada do PMDB vai se reunir no dia 31 de janeiro, às vésperas da posse do novo Congresso, para escolher o nome a ser indicado para a presidência. A decisão tomada ontem, depois da reunião entre a cúpula do partido, representa uma derrota da ala que apóia a candidatura de Calheiros. Até anteontem à noite, o senador insistia em anunciar uma reunião da bancada, na qual seria decidido quem seria o candidato a presidente do Senado pelo PMDB.

Como eles não conseguiram um quórum largo, onde, dos 20 senadores do PMDB, compareceram 12, não havia condições políticas para deliberar e escolher o candidato do PMDB. O presidente do Senado deve ser indicado pelo PMDB, dentro da tradição de que quem indica é o partido com maior bancada na Casa. Da mesma forma, o PT deve ficar com a presidência da Câmara.

João Paulo obtém consenso

Recife

(AE) – O deputado João Paulo Cunha, 44 anos de idade e oito de mandato federal, foi escalado pelo PT para presidir a Câmara na condição de “patinho feio”. Seu nome só surgiu na disputa porque estrelas como José Genoíno e Aloizio Mercadante já não estavam mais na Casa e o presidente do partido deputado José Dirceu (SP), desistira da disputa para comandar o Gabinete Civil. Mas, passado um mês de campanha, com intensas negociações de bastidor e costuras políticas que incluíram uma série de viagens para contatar pessoalmente os governadores e as novas bancadas de cada partido nos Estados, sua vitória é dada como certa. O petista colhe apoios por onde passa, consolidando-se como candidato de consenso à presidência da Câmara.

Não foi um trabalho fácil. Esta semana, por exemplo, João Paulo começou a caça aos votos em Brasília e já foi na terça-feira para Belo Horizonte, onde obteve o apoio do governador tucano Aécio Neves (MG). No dia seguinte, partiu para o Recife, onde encontrou-se com o presidente do PSB, Miguel Arraes, e arrancou elogios públicos do governador Jarbas Vasconcelos, do PMDB, seguindo na quinta-feira para o Rio de Janeiro.

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