O governador Roberto Requião (PMDB) anunciou ontem que vai rastrear todos os deslocamentos feitos pelo ex-governador Jaime Lerner (PSB) com aviões e helicópteros alugados em oito anos de mandato. Requião disse na reunião com seus secretários ontem pela manhã que pretende verificar se os gastos correspondem ao número de viagens registradas e pagas pelo governo anterior.
Para traçar o histórico dos roteiros aéreos de Lerner, o governador vai pedir ao Departamento de Aviação Civil (DAC) as rotas de vôo do ex-governador. A intenção é confrontar as notas fiscais do aluguel dos aviões com as horas-vôo. Os levantamentos realizados até agora pelo governo apontam despesas de R$ 2,6 milhões em locação de aeronaves entre 95 e 98. O Palácio Iguaçu estima que nos dois mandatos, o ex-governador tenha tido um gasto total de cerca de R$ 12 milhões com as viagens em aviões alugados.
Requião acusou Lerner de ter feito uma “verdadeira farra” com recursos públicos. O governador considera incompreensível o fato de Lerner ter gasto quantias consideráveis com aluguel de aviões, quando o Estado possui uma frota própria, composta por quatro aviões e dois helicópteros.
Ele vem denunciando as despesas do governo anterior com viagens há alguns dias. A primeira crítica do atual governador ao anterior por conta do aluguel de aviões veio em resposta a um pedido de informações feito pelo deputado estadual Élio Rusch (PFL), questionando as despesas do governo com as viagens de secretários à Ilha das Cobras, durante os três dias em que Requião despachou na casa de verão do governo. Rusch, um antigo aliado de Lerner, suspeitou que os secretários tinham ido à ilha de helicóptero e pediu que o governo informasse os custos da temporada de despachos do governador no litoral.
Na resposta, Requião informou que, em nenhuma circunstância, foram alugados helicópteros para o seu transporte ou de seus secretários e aproveitou para lembrar ao deputado, que a última vez em que o governo havia contratado o serviço de helicópteros foi nos dias 28, 29 e 30 de dezembro do ano passado, quando Jaime Lerner era governador. Requião disse que não pagou a despesa de R$ 9,1 mil deixada por Lerner pelos três dias de vôo.