Requião quer definir postura do PMDB no governo Lula

O senador José Sarney e o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia estarão hoje em Curitiba para participar da reunião que o governador Roberto Requião vai coordenar para discutir a postura do partido diante do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Requião, Sarney e Quércia, cujo comando do PMDB em São Paulo está ameaçado por ordem de intervenção da direção nacional, lideram o grupo peemedebista que defende o apoio integral a Lula sem a ocupação de cargos no governo.

O encontro está marcado para às 10h na sede do diretório regional do PMDB, em Curitiba. A posição de Requião é clara. O governador defende a convocação de uma convenção nacional para decidir sobre a permanência ou não da atual direção do partido, presidido pelo deputado Michel Temer (SP), que apoiou a candidatura do senador José Serra (PSDB) à Presidência da República e que fracassou na tentativa de aproximação com o PT. Lula vetou um acordo que estava sendo costurado entre seu ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e Temer, que implicava na indicação de dois ministérios para o PMDB.

O governador do Paraná, que apoiou Lula desde o início da campanha, teria tido papel importante na interrupção do acordo. Se Lula fechasse com o grupo de Temer, estaria fortalecendo a atual direção e reduzindo as chances da ala dissidente de assumir futuramente o controle do PMDB. Requião sempre se colocou contra a ocupação de cargos do seu partido no governo Lula.

Interlocução

A reunião será a primeira com o deputado feral Gustavo Fruet como sucessor de Requião na presidência do PMDB estadual. Gustavo também apoiou Serra, mas defende uma ampla discussão sobre a forma como pode se dar o apoio do PMDB a Lula. “Se for para dar apoio, é sem cargos. Criou-se uma imagem fisiológica do PMDB e está na hora de o partido buscar uma nova identidade”, afirmou o deputado.

Segundo o novo presidente do PMDB, a negociação entre Temer e Dirceu serviu para reforçar o traço de barganha que caracteriza o partido, cuja ala governista pautou sua relação nos oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso pela troca de cargos por votos no Congresso Nacional. “Nós precisamos rever a posição do partido, buscar uma nova postura e deixar para trás essa imagem fisiológica. Precisamos de uma interlocução negociada no PMDB”, afirmou Gustavo.

Executivo reduz despesas

Elizabete Castro

O secretário da Casa Civil, Caíto Quintana, encaminhou um despacho ontem para todos os secretários do novo governo proibindo a contratação de despesas, a não ser aquelas expressamente autorizadas pelo governador Roberto Requião (PMDB). Além da suspensão dos gastos, o chefe da Casa Civil também foi orientado pelo governador a requerer de todos os órgãos do Executivo os aparelhos de telefone celular e as contas de telefonia fixa.

A segunda parte do despacho determina aos funcionários colocados à disposição que retornem aos seus órgãos de origem. A ordem é válida somente para funcionários lotados em órgãos do Executivo, não atingindo o Legislativo e Judiciário. O governador quer ter uma noção mais precisa da situação funcional e do tamanho da estrutura de pessoal da qual poderá dispor, explicou Quintana.

O levantamento das despesas telefônicas é um dos primeiros solicitados por Requião. Na quinta-feira, em seu primeiro dia de trabalho, o novo governador levou um susto ao ser apresentado às contas telefônicas de aparelhos celulares do gabinete do governador. Os gastos foram considerados excessivos por Requião, que ordenou o recolhimento dos aparelhos disponibilizados pelo governo anterior para grupos de funcionários em vários órgãos, além dos secretários e diretores gerais das pastas.

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