Requião propõe piso de R$ 1.392 para professores

Cobrado pelos aliados petistas por ter assinado a ação direta de inconstitucionalidade contra a lei federal que instituiu o piso nacional dos professores da educação pública fundamental, o governador Roberto Requião (PMDB) reagiu com uma promessa de mais aumento para o valor pago aos professores do Paraná.

Ele anunciou ontem, 13, que irá mandar uma proposta de emenda constitucional à Assembléia Legislativa elevando para R$ 1.392 o valor a ser pago para os professores do Paraná. O piso nacional contestado na Adin é de R$ 950.

Em matéria divulgada no site da Agência Estadual de Notícias, Requião disse que não concorda com a ingerência do governo federal sobre a organização do ensino do Paraná. Ele afirmou ainda que o salário pago pelo Paraná já está acima do proposto pelo governo federal.

“Sobre o piso que pagamos existem as incidências do plano de cargos e salários, auxílio transporte, tempo de serviço, e outras vantagens que o Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) oferece aos nossos professores”, lembrou.

Anderson Tozato
Romanelli: “Ela fez malcriação”.

Requião ressaltou que o governo também não concorda com a medida do Governo Federal que eleva a hora-atividade em 10%. “Aqui no Paraná nós já damos 20% para as horas-atividades.

Isso nos obrigaria, neste momento, em que nós estamos pagando o melhor salário aos professores, a contratar mais 6 mil profissionais. Se nós formos aumentar a hora-atividade para 30 horas, nós teríamos que mudar todo o nosso plano de cargos e salários, e o PDE, que é a formação continuada dos professores, seria destruído”, declarou.

O governador aproveitou para cutucar os petistas. Chamou a lei de “agressão” do governo federal e do Congresso aos estados e disse que Paraná seria extremamente prejudicado com estas medidas.

“Temos que conservar o que é bom e fazer o que nunca foi feito”, comentou Requião, parafraseando o slogan da campanha à candidata do PT à prefeitura de Curitiba, Gleisi Hoffmann: “Melhorar o que está bom e fazer o que nunca foi feito”.

Anteontem, Gleisi fez críticas duras a Requião e às suas posições em relação ao piso nacional dos professores e ao modelo econômico do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No domingo à noite, em um programa de televisão, Requião atacou a política econômica do governo.

“Malcriada”

Arnaldo Alves/SECS
Requião: lei é agressão.

Coube ao líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), dar uma resposta menos diplomática à presidente do PT e, principalmente, ao marido de Gleisi, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

“Ela fez uma malcriação. Mas certamente não foi iniciativa dela, mas do marido. O que eu acho feio nisso é o Paulo Bernardo se esconder atrás da saia da mulher”, afirmou.

A direção estadual e a bancada do PT solicitaram uma audiência a Requião para conversar sobre a Adin. Mas enquanto não recebem uma resposta, articulam outro movimento.

O líder da bancada e presidente da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa, deputado estadual Péricles de Mello (PT), disse que está criando a Frente Parlamentar em Defesa do Piso Salarial Profissional Nacional do magistério público.

Frente nacional

O deputado Péricles de Mello convocou audiência pública no próximo dia 24 para lançar oficialmente a Fren,te no Paraná. Nacionalmente, que será criada quarta-feira, dia 19. A Adin foi assinada ainda pelos governadores, do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e do Ceará, Cid Gomes (PSB).