Requião ignora ações da direção nacional do PMDB

Contrariando as expectativas, o governador Roberto Requião não quis se manifestar sobre a nova queda de braço entre as chamadas alas governista e de oposição do PMDB, desta vez desencadeada pela aprovação da prorrogação por mais um ano do mandato do atual presidente, Michel Temer, na presidência do diretório nacional.

A assessoria de Requião disse que ele não vai se posicionar, já que todas as vezes em que se manifestou sobre uma decisão peemedebista tomada pelo diretório nacional, na semana seguinte acabava sendo desautorizado pelo desenrolar dos fatos. Mas se o governador mantém silêncio, o PMDB de Curitiba se reúne amanhã para decidir se entra com um recurso contra a decisão da executiva nacional de esticar também os mandatos dos diretórios estaduais e municipais.

O presidente municipal do PMDB, Doático Santos, disse que a executiva e o conselho do partido vão analisar a possibilidade de contestar a ampliação dos mandatos junto ao Conselho Nacional do PMDB, formado por deputados federais, governadores e presidentes de diretórios estaduais. Segundo o dirigente peemedebista, a realização das convenções previstas para o segundo semestre iria possibilitar a oxigenação do partido, necessária para enfrentar a disputa eleitoral do próximo ano, segundo os aliados do governador.

Doático afirmou que a executiva nacional não apresentou nenhum argumento consistente para aprovar a medida. "Nós entendemos que se essa medida é festejada pelo grupo que não quer continuar a aliança com o PT do presidente Lula, então é porque não é bom para nós aqui no Paraná", disse o presidente do partido.

Desagrado

O governador do Paraná vem dando sinais de desagrado com o grupo de oposição desde que, no início do ano, aliou-se a Temer, como os outros quatro governadores do partido, para defender a independência do governo e o lançamento de candidato próprio à sucessão do presidente Lula.

Requião sentiu-se isolado no processo depois que o discurso de independência não avançou. A direção nacional não teve forças para fazer os ministros peemedebistas deixarem os cargos. Ao mesmo tempo, o governador do Paraná não se sente à vontade entre a ala governista por ter sempre criticado a troca de apoio a Lula por cargos no governo.

Os desdobramentos da prorrogação dos mandatos também serão debatidos na reunião da executiva estadual na próxima quarta-feira, dia 11, em Curitiba. O presidente estadual do partido, Dobrandino da Silva, disse que cabe à executiva estadual decidir se aumenta em mais um ano os mandatos das atuais executivas. E que o processo não interfere nos processos de dissolução e intervenção de mais de noventa diretórios que estão sendo analisados pela direção estadual.

Dobrandino também tem uma preocupação adicional com a maior duração dos mandatos dos dirigentes peemedebistas. O deputado assumiu a liderança do governo na Assembléia Legislativa confiante de que poderia acumular com a direção estadual do partido, já que seu mandato terminaria em outubro deste ano, mas agora ficou preocupado.

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