Requião faz duras críticas a acusados do caso Copel

O governador Roberto Requião (PMDB) atacou ontem o governo anterior e seus ex-secretários Ingo Hübert (Fazenda) e Governo (José Cid Campêlo Filho), citados no depoimento do doleiro Alberto Youssef à Justiça Federal como beneficiários de um esquema de desvio de recursos na Copel durante o governo Jaime Lerner (PSB), denunciado pelo Ministério Público estadual.

“É interessante ver pela primeira vez no Paraná ladrões de dinheiro público na cadeia”, disse o governador em discurso dirigido aos prefeitos que participaram da solenidade de assinatura de convênios de liberação de R$ 33 milhões para gastos com transporte escolar na área rural.

Irônico, o governador disse aos prefeitos que o PMDB mandou confeccionar um poster com a imagem do ex-secretário Cid Campêlo “atrás das grades” em Curitiba. “É uma coisa linda de se ver. Podem requerer na sede do PMDB que eles entregam o cartaz”, afirmou. Cid Campêlo e Ingo Hübert e outras seis pessoas foram detidas na terça-feira passada. Campêlo e Hübert ficaram detidos no Cope (Centro de Operações da Polícia Especial), em Curitiba, por quatorze horas.

Para o governador, a prisão foi histórica. “O Pessuti (vice-governador e secretário da Agricultura) sempre me falava de cadeia produtiva e eu não entendia muito bem. Descobri o significado na semana passada, quando vi o Ingo e o Cid na prisão. Esta é a cadeia produtiva que o Paraná inteiro esperava”, provocou.

Furo

Requião disse que o governo de Jaime Lerner (PSB) deixou um “furo incomensurável” nas finanças do Estado. Afirmou que encerrou seu primeiro mandato no governo (90-94) com uma dívida R$1,1 bilhão. Voltou ao cargo no ano passado, oito anos depois, e encontrou a dívida do Estado em R$ 20,5 bilhões, após dois mandatos de Lerner. “Agora, já sabem para onde foram esses recursos”, afirmou.

O governador rememorou os contratos que anulou quando assumiu o cargo no início do ano, citando o acordo de acionistas da Sanepar, os questionamentos sobre os créditos do Banestado repassados ao Itaú, e ainda mencionou os prejuízos ocasionados por operações denunciadas como irregulares, como os casos Copel/Adifea, Copel/Olvepar. “Somem essa coisa toda e vocês vão ver a que ponto chegou a lambança no Paraná. O Paraná ficou oito anos sem governo. Era só gente fazendo negócio”, disse.

Indisponíveis bens da Logos

A 2.ª Câmara Cível negou provimento ao agravo da Logos Energia Ltda., determinando a indisponibilidade dos seus bens e cassando liminar anteriormente concedida à empresa. A decisão unânime repete outras na mesma ação civil movida pelo Ministério Público, que suspendeu os efeitos do contrato de comercialização de energia elétrica com a Copel.

A DGW Participações Ltda, além de Donato Gulin, Walfrido Victorino Ávila, Luiz Alberto Blanchet e Ferdinando Schauenburg (que também tiveram decretado o bloqueio de bens) agravaram e tiveram seu pedido igualmente negado. A decisão atingiu, ainda, Ingo Henrique Hübert, Fábio Ramos, Bertram Colombo Shayer e José da Costa Carvalho Neto, cujos agravos estão tramitando no TJ.

CPMI do Banestado convoca Youssef

O doleiro de Londrina Alberto Youssef vai prestar depoimento amanhã em Curitiba, onde está preso, atendendo convocação aprovada ontem pela CPMI do Banestado. Além dele, também serão ouvidos (no dia 27) o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta; e o doleiro Antônio de Oliveira Claramunt, conhecido como Toninho Barcelona, também suspeito de evasão de divisas e de compra de sentenças.

Mesmo tendo aprovado estes depoimentos, o presidente da CPMI, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), e o relator, deputado José Mentor (PT-SP), divergem quanto ao prazo para prorrogação dos trabalhos de investigações. O relator propôs a prorrogação por mais seis meses ou um ano, e o presidente declarou-se contra qualquer prorrogação. O prazo da CPI termina em 16 de junho. Na reunião de ontem, devido ao impasse, a CPI acabou não deliberando sobre a prorrogação.

Apoio

Mentor disse que precisa de mais prazo para manter a linha de investigação e anunciou que já começou a colher as assinaturas necessárias para prorrogar a CPI, e se dispôs a apresentar, no final de maio, um relatório preliminar. Barros defendeu posição totalmente oposta. Disse que, ao invés de pensar em prorrogação, a CPI deve “trabalhar com mais responsabilidade”.

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