Requião critica Lula, mas diz que prefere Vanhoni

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada na edição de ontem, o governador Roberto Requião (PMDB) fez críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao mesmo tempo, declarou sua preferência pelo deputado estadual Ângelo Vanhoni (PT) na eleição para a Prefeitura de Curitiba e previu uma “surra monumental” do PT nas eleições municipais deste ano em todo o país, se não houver uma mudança de rumo, principalmente na política econômica.

As declarações do governador do Paraná entusiasmaram Vanhoni, que concordou com as ressalvas de Requião ao governo Lula, afirmando que até mesmo no interior de seu partido existem divergências quanto à política econômica do país. Já os peemedebistas que defendem o lançamento de candidatura própria à prefeitura trataram de minimizar as posições do governador.

Na entrevista, Requião afirmou que os partidos de oposição em Curitiba deveriam ter um candidato único e que gostaria que o nome fosse o de Vanhoni. O deputado reagiu comentando que a posição do governador fortalece seu projeto. Já quanto à avaliação de Requião sobre o governo Lula, Vanhoni disse que o governador do Paraná não é o único a defender mudanças na política econômica. “Todos nós desejamos as mudanças, não apenas o Requião. Há divergências no meu partido e no próprio governo quanto a esta condução monetarista da política econômica. Algo já está começando a ser feito, mas há necessidade, por exemplo, da redução das taxas de juros”, comentou Vanhoni.

Sobre o “isolamento” do governador, o deputado petista comentou que ele deveria estar se referindo à imagem que a mídia projeta do governador do Paraná. “Setores da mídia acabaram construindo uma imagem distorcida das ações do governador. Dizem que ele rompe contratos, quando na verdade arguiu juridicamente alguns contratos e abriu negociações. No caso dos contratos da Copel e Sanepar, ele ganhou na Justiça”, comentou.

Declarações não assustam deputados

As declarações do governador Roberto Requião (PMDB) ao jornal Folha de S. Paulo a respeito da sucessão em Curitiba não chegaram a preocupar os deputados Gustavo Fruet e Rafael Greca, ambos pré-candidatos do PMDB à Prefeitura. Fruet recebeu um telefonema do governador logo pela manhã, afirmando que não fizera a declaração a ele atribuída. Greca, que acompanhou o governador em evento em bairro da capital, ouviu dele a mesma coisa. Segundo o deputado, outros políticos da capital testemunharam o desmentido. Nem um, nem outro arredam pé de sua postura em defesa da candidatura própria.

Fruet, aliás, reafirmou esta semana a Requião que vai disputar a convenção municipal do PMDB, apresentando-se como pré-candidato a prefeito. Deixou claro que considera a defesa de uma aliança no primeiro turno “uma obsessão do PT e um ato de hostilidade ao PMDB e à lei”. Ele lembrou também que o governo do PT não tem dado ao Paraná a atenção correspondente à importância e à contribuição do Estado para o país.

“Nenhuma das reivindicações do Paraná foi atendida até agora pelo governo do PT. Os aliados não estão sendo ouvidos nem respeitados”, criticou. A última evidência nesse sentido foi a comunicação, feita ao governo do Paraná pelo ministro Alfredo Nascimento, de que o Ministério dos Transportes vai delegar à prefeitura de Curitiba o trecho urbano da BR-476, contrariando a posição do governo estadual.

No mês passado, o governo paranaense apresentou à União uma relação de 15 medidas importantes para o Estado, incluindo compensações por investimentos feitos pelo Estado e por perdas decorrentes da legislação tributária, como a que prevê a tributação do ICMS no destino. “Nenhuma dessas reivindicações recebeu resposta até agora”, completou o peemedebista.

Liberdade

Bem humorado, Greca disse que se sentia tranqüilizado pelo fato de Requião ter usado o verbo no particípio passado: “Quem diz hoje que gostaria, já gostou mais no passado. Eu entendi da entrevista corajosa que o governador deu ao jornal paulista que ele não vai criar obstáculos a que seu partido tenha candidato próprio em Curitiba. Suas declarações em relação ao governo federal, aliás, foram muito lúcidas e mostraram que Requião é hoje a melhor cabeça política do Brasil, sintonizada com o sentimento que está nas ruas”, observou.

Indagado sobre as contas de seu último ano à frente da Prefeitura, que estão sendo votadas pelo Tribunal de Contas, disse que aguarda serenamente a sentença: “As contas mostram a incapacidade da administração municipal, em determinado momento, de fazer face a despesas previdenciárias. Mas o provimento foi feito na seqüência. Não posso ser julgado de acordo com os critérios da Lei de Responsabilidade Fiscal porque ela não estava em vigor na época. Além disso, o processo teve parecer favorável do então conselheiro João Féder”.

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