No que é possível ver da campanha dos candidatos a vereador de Curitiba, fica evidente que representar a “renovação na política” é uma das qualidades mais autoproclamadas pelos que disputam uma vaga na Câmara Municipal. Ouvida da boca dos candidatos, a renovação chega a parecer, por si só, positiva. Mas, de acordo com cientistas políticos, renovar o parlamento não significa necessariamente melhorá-lo.

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De acordo com um estudo publicado pelos cientistas políticos norte-americanos Craig Volden e Alan Wiseman, uma das qualidades que faz os parlamentares serem mais eficazes é a experiência no trabalho legislativo.

No indicador de eficácia legislativa construído pelos pesquisadores tendo como base os congressistas dos Estados Unidos, parlamentares que exercem o segundo mandato são 45% mais eficazes que os calouros. Essa relação sobre para 161% no caso dos que exercem o quinto mandato e ultrapassa 500% quando avaliados os congressistas com dez ou mais legislaturas.

Na definição dos pesquisadores, eficácia legislativa é a habilidade de um parlamentar em fazer suas propostas avançarem no trâmite legislativo até transformá-las em lei. Na hipótese apresentada pelo estudo, a eficácia tende a crescer com a experiência pelo fato de os congressistas cultivarem habilidades, aprenderem os caminhos institucionais e terem mais chances de chegarem a postos-chave das casas legislativas, como, por exemplo, a presidência de comissões.

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Para o cientista político Márcio Carlomagno, doutorando na Universidade Federal do Paraná (UFPR), a política é uma profissão como outra qualquer, e quanto mais experiência o profissional tiver, ele tende a ser melhor. O importante, segundo ele, é distinguir bons e maus profissionais, como em qualquer outra área de atuação.

“Na opinião pública se difunde muito a opção de que é preciso renovar por renovar e isso faz com que os candidatos, para conquistar eleitorado, adotem esse discurso”, avalia.

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Segundo ele, existem estudos que mostram que um parlamentar de primeiro mandato demora os dois primeiros anos da legislatura para compreender a dinâmica dos parlamentos.

“Existe um sem número de aspectos que os parlamentares têm que lidar na política. É preciso constituir influência, entender o processo e adquirir capacidade de negociar. Tudo isso faz parte da construção da expertise para negociar a aprovação de seus projetos”, afirma.

Pontos positivos

Se do ponto de vista da eficácia parlamentar a renovação não leva, necessariamente, a melhorias, ela cumpre um papel fundamental na relação dos cidadãos com a política.

“Com certeza a renovação exerce um papel importante especialmente junto a renovação de ares. Surgem candidatos novos, novos atores que não eram presentes antes e eles são responsáveis por revigorar o interesse público pela política. É um balanço necessário e o desafio é como chegar a um ponto que seja um equilíbrio entre renovação e expertise”, avalia Carlomagno.