Relatório paralelo do PT tem sete mudanças

O PT confirmou ontem que apresentará um relatório separado na CPMI dos Correios para tentar derrubar o parecer divulgado pelo relator Osmar Serraglio (PMDB-PR). Com críticas ao texto de Serraglio, o PT enumera pelo menos sete pontos em que o relatório, que será apresentado na próxima terça-feira, proporá alterações. Na nota, os petistas acusam Serraglio de tirar conclusões "destituídas de fundamento" e de fazer abordagens que "omitem aspectos relevantes da investigação".

Para aprovar esse relatório alternativo, o PT precisa, primeiro, derrubar o parecer de Serraglio. Com uma maioria estreita (apenas um voto de vantagem sobre a oposição) os petistas até têm chances de vetar o relatório apresentado na última quarta. Mas é considerado improvável que reúnam os mesmos votos para forçar a aprovação do relatório petista. Isso porque a proposta prevê a inclusão de temas que motivariam rejeição dentro da base aliada.

De acordo com a nota divulgada pela bancada, o relatório petista deverá incorporar os aspectos considerados consistentes pela bancada do partido na CPMI e eliminar o que considera equívocos. "Pensamos ser inaceitável a apresentação de conclusões que não encontram base nos fatos, não têm provas efetivas e carregam claras deficiências jurídicas. De outro lado em algumas de suas passagens, o relatório resvala para parcialismos políticos que podem enfraquecer a consistência e a credibilidade dos resultados oferecidos", diz a nota.

O documento cita os pontos em que o PT discorda do relatório. No que diz respeito ao esquema do publicitário Marcos Valério, o PT considera o texto de Serraglio "contraditório e incoerente", porque não faz uma análise considerando que o esquema de financiamento político montado pelo empresário mineiro teve origem em 1997/98, na campanha da coligação PSDB/PFL encabeçada pelo atual senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) ao governo de Minas Gerais.

De acordo com o PT, esse assunto é tratado perifericamente no relatório. "Comprovou-se, nesta CPMI, que o PSDB de Minas Gerais foi o criador do valerioduto, engendrando um modelo de obtenção de recursos que, tanto em 1998 como em 2002, tinha por objetivo a captação de recursos ilegais para candidatos e partidos políticos", afirma a nota.

O PT questiona também o fato de o relator ter aceito como verdadeiros os empréstimos tomados para financiar a campanha do PSDB em Minas Gerais e falsos os empréstimos para o PT em 2002/2003. Sobre caixa 2, o PT considera "eleitoreira e demagógica a tentativa de vincular, sem quaisquer provas, o caixa 2 com o suposto mensalão". Afirma ainda que não há documentos e fatos que permitam a conclusão de que o PT tenha usado dinheiro para comprar o voto de parlamentares.

No substitutivo, o PT pretende também, mudar a parte relativa aos indiciamentos, considerada parcial no relatório de Serraglio Outro ponto que o substitutivo vai abordar é a parte relativa aos fundos de pensão. "O relatório tenta, sem provas concretas ou consistência técnica, criar vínculos entre os fundos de pensão e as fontes do valerioduto", sustenta o PT, que contesta esta versão do relator. O PT considera omisso também o relatório quanto ao empresário Daniel Dantas. Segundo o partido, há fartas evidências do envolvimento das empresas controladas pelo Grupo Opportunity, de Dantas, com o chamado esquema de Marcos Valério, fato que justificaria a necessidade de análise criteriosa e sigilosa de sua movimentação financeira, o que não foi feito no relatório final. O PT contesta ainda as conclusões do relator da CPMI dos Correios, que apontam a Visanet como fonte do valerioduto, afirmando que os repasses de recursos feitos de forma antecipada à DNA Propaganda, de Marcos Valério, ocorreram obedecendo as regras de aplicação do Fundo de Investimento Visanet. 

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