Quem critica reajuste do Bolsa-Família é insensível, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (30) que os críticos do governo perderam a sensibilidade ao avaliar como medida eleitoreira o reajuste de 8% dos benefícios do Bolsa-Família a partir de julho. Em seu programa de rádio "Café com o Presidente", argumentou que o aumento se deve à elevação do preço dos alimentos. "Aqueles que falaram que era eleitoreiro são pessoas que, me parece, perderam a sensibilidade", disse.

A oposição, mesmo considerando eleitoreiro o aumento, concedido a três meses das eleições, preferiu não fazer críticas ao reajuste. Os líderes oposicionistas no Congresso, especialmente do Nordeste, chegaram a elogiar. Foi o caso do deputado ACM Neto (DEM-BA), que disputa a prefeitura de Salvador e, na semana passada, posou ao lado de Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social e coordenador do Bolsa-Família.

No programa de rádio, Lula disse que resolveu conceder o reajuste após analisar cálculos do Ministério do Desenvolvimento Social e do Ministério da Fazenda. A crise da falta de alimentos no mundo refletiu, segundo o presidente, no aumento do preço dos produtos no País. "Nós entendemos que a parte mais pobre da população, que ganha uma ajuda para comprar comida para levar para casa e sustentar a família, merecia a reposição inflacionária", afirmou. "Foi uma boa medida para garantir que as pessoas continuem levando para casa o necessário para a família inteira comer".

O jornalista Luciano Seixas, da Radiobrás, que fez a entrevista, perguntou ao presidente sobre as avaliações dos jornais sobre o caráter "eleitoreiro" do reajuste. Lula repetiu que o cálculo que definiu o aumento foi feito pela pasta do ministro Patrus Ananias. "Como é que pode alguém imaginar que fazer um reajuste…", ensaiou uma resposta, demonstrando irritação. "Eu não queria fazer nada que pudesse indexar isso à inflação", completou. "Estamos dando o reajuste porque temos condições de dar, porque tem no Orçamento dinheiro para dar esse reajuste, e vamos continuar reajustando o Bolsa-Família".

Lula, porém, evitou comentar a insatisfação, dentro do próprio governo, em conceder o reajuste. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, resistia à idéia de aumentar o benefício. Hoje, o presidente ressaltou que o governo concederá novos reajustes toda vez que for possível. "À medida que puder reajustar mais, vamos reajustar mais fortemente porque os que recebem o Bolsa-Família são a parte mais pobre da população e precisamos cuidar dessa gente com muito carinho", afirmou.

O benefício máximo do Bolsa-Família passa de R$ 172 para R$ 180. Atualmente, o programa atende cerca de 11,1 milhões de famílias.

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