PT vai ignorar ?desvios? de Flávio Arns

O diretório estadual do PT não vai tomar medidas contra o senador Flávio Arns (PT), que declarou solidariedade à família do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), no mais recente embate de Beto com o governador Roberto Requião (PMDB). Arns já havia contrariado o partido ao defender o nome do deputado Gustavo Fruet para a presidência da Câmara dos Deputados, considerando-o o parlamentar mais indicado para fortalecer o Legislativo.  

Para o presidente estadual do PT, deputado federal André Vargas, Arns tem sido aliado de Lula no Senado e tem apoiado as decisões do governo federal. ?Se ele fosse deputado federal, teríamos de tomar uma medida por indisciplina, por causa do apoio a Gustavo Fruet. Mas, Arns é senador?, declarou. Na avaliação de Vargas, as recentes declarações do senador foram mais emocionais que políticas e não devem resultar em discussões para o desligamento de Arns do partido.

?Mas chegará o momento em que será preciso fazer uma avaliação política conjunta com a Executiva estadual a respeito do comportamento dele?, disse. Vargas entende que é preciso afinar o discurso entre Arns e o diretório estadual. Porém, disse ele, o senador é convidado para as reuniões da Executiva, mas quase não tem participado.

Para Vargas, as duas manifestações do senador em favor de tucanos paranaenses precisam ser analisadas do ponto de vista pessoal, sem nenhum caráter partidário. ?Quando Arns fez as declarações, ele reconheceu que tem um apreço pelos tucanos. No caso de Gustavo Fruet estávamos numa disputa pela presidência da Câmara. O comportamento não foi adequado. Acho que ele precisaria avaliar politicamente ao dar as declarações?, disse. Vargas lembrou, também, que antes de ser filiado ao PT Arns integrou os quadros do PSDB. ?Provavelmente tem algumas relações de amizade pessoal?, afirmou.

A respeito da manifestação de solidariedade ao prefeito de Curitiba, Beto Richa, e sua família, Vargas lembrou que não houve orientação partidária sobre o caso. Mas ele entende que o ideal seria que fosse solicitada uma investigação da denúncia do governador. ?Quando o PT comete qualquer deslize, os tucanos pedem que haja investigações. Mas Arns preferiu se solidarizar com Beto?, declarou.

O presidente estadual do PT afirmou que as declarações de Arns não geraram desconforto porque foram entendidas como de ordem sentimental. ?Nas eleições, no dia do comício do presidente Lula em Curitiba, era fundamental que Arns estivesse lá. Era tarefa de todo o petista. Mas, agindo mais com sentimento que de forma política, ele não foi. Acho que precisamos deixar as eleições de lado e discutir o futuro do partido, do qual o senador é integrante?, afirmou.

Arns disputou a eleição para a sucessão estadual pelo PT, ficando em terceiro lugar no primeiro turno. No segundo turno, enquanto o PT passou a dar apoio institucional à candidatura de Requião, inclusive com o presidente Lula pedindo votos para a reeleição do peemedebista, Arns preferiu manter-se neutro.

A declaração de Arns no Senado em favor da família Richa também vai na contramão do que defenderam alguns deputados estaduais petistas. Enquanto Arns manifestou solidariedade a Beto numa denúncia do governador, que pediu investigação sobre um pagamento supostamente indevido a uma empreiteira no valor de R$ 10 milhões, deputados estaduais do PT e do PMDB apresentaram um requerimento na Assembléia Legislativa pedindo uma CPI para investigar o episódio.

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