PT não é diferente dos outros

Substituto do ex-ministro Tarso Genro na disputa à presidência nacional do PT, o atual secretário-geral do partido, Ricardo Berzoini, disse ontem em Curitiba que um dos erros do PT foi se apresentar como um partido diferente dos demais. "O PT, como todo partido político, se relaciona com a vida política do país. Talvez um dos erros do PT foi tentar se afirmar como partido totalmente diferente dos outros.

?O PT tem que lidar com a vida real da política, caso contrário não será uma alternativa real, será apenas um pequeno partido, com bandeiras, ideais, mas que não dialoga com a realidade", afirmou o candidato do Campo Majoritário, o grupo de tendências que dirige o PT há dez anos.

Berzoini reuniu-se ontem com as lideranças do Campo Majoritário em Curitiba. No Paraná, é representado pelo presidente estadual do partido, André Vargas, e pelos deputados estaduais Angelo Vanhoni, Natálio Stica e o diretor-geral da Itaipu, Jorge Samek, que integram a chapa ao diretório de Berzoini.

Na entrevista coletiva concedida na Assembléia Legislativa, Berzoini declarou que quando o partido fez uma opção por abrir seu leque de alianças, já sabia que teria o ônus e o bônus dessa decisão. "Quando decidimos partir para uma política de alianças, decidimos que o PT iria disputar o poder e disputar o poder tem a parte boa que é, ocupando cargos e funções, executar uma politica pública, tem outro lado de ter que lidar com com o mundo real da politica", comentou.

Para Berzoini, a diferença entre o PT e os demais partidos vai se dar na apuração das denúncias. Segundo ele, o PT deve reafirmar seu compromisso com a ética, a honestidade e a transparência e explicar ao país o que foi que aconteceu de fato, punindo os responsáveis pelas irregularidades denunciadas. "Talvez isso vá dar um caráter de diferença em relação à cultura política do país, que é muitas vezes passar a mão na cabeça das pessoas e não fazer de maneira clara a investigação e a apuração dos fatos", afirmou.

Cabeça erguida

O secretário-geral do PT disse que as denúncias contra o partido são "graves", mas que nem por isso a oposição vai ser bem sucedida em tentar restringir o debate nacional à crise. Berzoini afirmou que o PT não é um daqueles partidos transitórios. "O PT é uma instituição política da esquerda brasileira. Não é daqueles partidos que nascem e morrem", comentou.

Sobre as críticas feitas ao Campo Majoritário, apontado pelas alas à esquerda como o responsável pela crise interna por ter decidido abrir o partido a alianças fora do leque tradicional de aliados, Berzoini comentou que a corrente foi a força condutora da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que seus integrantes não vão abaixar a cabeça. Segundo Berzoini, a crise não decorre apenas das coligações feitas pelo partido, mas têm origem também no que definiu como "erros técnicos", como aqueles que teriam sido cometidos pelo ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares.

Segundo o ex-ministro, a crise demonstra a necessidade de responsabilizar quem errou, mas na medida e no tempo adequados. "É importante realizar o processo completo, antes de condenar quem quer que seja", comentou Berzoini.

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