PT decide deixar o governo Requião

O PT está se preparando, desde ontem, para anunciar que irá entregar os cargos no governo Requião. Reunidos ontem pela manhã, em Curitiba, os integrantes da executiva estadual decidiram que a saída do governo era a melhor resposta a dar ao governador Roberto Requião, que acusou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, de ter proposto o superfaturamento de uma obra ferroviária. Porém, apesar da decisão já ter sido tomada, a direção estadual preferiu esperar até hoje para anunciar a posição.

O presidente estadual do PT, Ênio Verri, disse que a palavra final dependia de uma conversa final entre a executiva, marcada para ontem à noite. Mas, nos bastidores, a informação é que, depois da reunião de ontem, começaram a surgir algumas ponderações sobre a conveniência de o partido anunciar a saída do governo, faltando apenas trinta dias para que Requião entregue o cargo ao vice-governador Orlando Pessuti.

E mais: os dois secretários petistas de Requião, Valter Bianchini (Agricultura) e Lygia Pupatto (Ensino Superior) já iriam se afastar mesmo dos cargos, já que são candidatos a deputado na eleição deste ano.

Outra reflexão é que o PT está no governo há sete anos e esta não foi a primeira vez que o governador atacou o ministro do Planejamento. Além disso, existe ainda a perspectiva de uma aliança com o PMDB do Paraná para a disputa ao governo do Estado.

Uma das exigências do senador Osmar Dias (PDT) para fechar uma aliança com o PT do Paraná na sucessão estadual é a incorporação do PMDB ao palanque. Esse acordo interessa ao PT, sobretudo, para dar suporte à candidatura da ministra Dilma Rousseff à presidência da República.

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Romanelli: tensionamento.

Em entrevista na Assembleia Legislativa, Verri tentou desvincular o possível rompimento com Requião da participação do partido na base de apoio ao governo na Assembleia, assim como das negociações eleitorais deste ano. Segundo o presidente estadual do PT, “são coisas distintas. Em momento algum discutimos que vamos deixar a base de apoio do governo que ajudamos a construir as políticas públicas. E também vamos continuar tratando das alianças com o PMDB”.

A avaliação da cúpula do PT é que as negociações para uma aliança podem continuar com o presidente estadual do PMDB, Waldyr Pugliesi, e o futuro governador, Orlando Pessuti.

Ainda assim, setores do partido optaram por esperar a reação do governador na reunião da escola de governo, onde costuma “dialogar” com aliados e adversários.

O governador se manteve em silêncio ontem à tarde, mas no twitter, deu o seu recado cifrado. “Política é a arte de unir-se ao inimigo traindo aliados em benefício próprio. Frase atribuída ao filosofo PB “, escreveu no final da tarde.

O líder do governo na Assembleia, Luiz Claudio Romanelli, e o deputado estadual Alexandre Curi, que tentam aproximar o PMDB e PSDB nesta eleição, foram irônicos ao comentar as intenções do PT.

“Úé, mas será que eles não vão querer aviso prévio?”, provocou Curi. “Mas abandonar o jogo aos 45 minutos do segundo tempo é fácil, não é?”, completou Romanelli. Mais tarde, na tribuna, o líder disse que os dois partidos vivem o que chamou de um momento de “tensionamento” devido à opção do PT pela candidatura do senador Osmar Dias no Paraná.