Apesar dos tropeços e desencontros com o governador Roberto Requião, as lideranças do PT do Paraná consideram que o PMDB continua sendo o principal aliado do partido para a sucessão de 2010 no Estado, quando os petistas planejam lançar candidatura própria ao governo. Até mesmo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que vez por outra tromba com o governador, disse a O Estado que o PT do Paraná não teria nenhuma dificuldade em apoiar a eleição de Requião ao Senado. Mas lembrou que todas as articulações estaduais estão subordinadas ao critério de fortalecimento da candidatura presidencial do PT.

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O diretório estadual do PT se reuniu ontem, 13, em Curitiba, para avaliar as conjunturas políticas do Estado e do País. O consenso é que o partido deve ter uma candidatura própria ao governo, para ter condições de negociar uma aliança que ofereça um palanque sólido para a candidatura presidencial de 2010. Um dos parlamentares presentes à reunião, o deputado federal André Vargas disse que o PMDB tem a preferência para um acordo eleitoral em 2010, que seria mais fácil de costurar com Requião do que com o senador Osmar Dias, pré-candidato do PDT ao governo. “Uma aliança com o senador exigiria uma engenharia política muito mais complexa. Não podemos fechar portas, mas essa composição está condicionada ao rompimento de Osmar com o PSDB”, comentou.

Já o ministro observa que, apesar deste vínculo com os adversários petistas no Paraná, o PDT faz parte da coalizão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E destacou que o senador paranaense é um aliado nacional do PT.

Bernardo lembrou também que, em 2006, o PMDB do Paraná fez uma composição com o PSDB para o governo, que somente não foi em frente porque a direção nacional tucana abortou o acordo, que levaria o partido a indicar o candidato a vice-governador de Requião.

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Um dos nomes do PT para concorrer ao governo, Bernardo disse que as alianças estaduais terão que atender aos interesses nacionais. “Temos uma candidatura a presidente. No Estado, vamos ter uma candidatura nossa ou com aliança. O que não faremos é apoiar alguém que esteja do lado oposto. O condicionamento é o alinhamento nacional”, disse o ministro.

Ele disse que o movimento feito pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), em direção ao PMDB do Paraná, está sendo acompanhado. “Foi um sinal. Apesar de a disputa ser nacional, o PMDB é um partido que não tem uma liderança nacional. Mas tem grandes lideranças regionais”, comentou o ministro, que acrescentou: “Nós sabemos qual é o nosso lado. Precisamos saber de que lado estão os outros candidatos”, provocou.

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Ponto delicado

A direção do partido discutiu ontem ainda a posição da bancada estadual na votação da proposta de minirreforma tributária do governo. A bancada estadual apresentará emendas ao projeto que será votado em segunda discussão amanhã, 15.

Bernardo: Brasil sabe como enfrentar a crise

A crise econômica internacional não terá no Brasil os mesmos efeitos devastadores que está tendo sobre os países ricos da Europa e os Estados Unidos. Esta garantia foi dada pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, aos militantes, deputados e vereadores do PT na reunião do diretório estadual, realizada ontem, em Curitiba.

Bernardo afirmou que o país tem um “armário” de medidas a serem adotadas, além daquelas anunciadas na quinta-feira, para conter o agravamento da crise. “Nós vamos fechar o ano com 5% de crescimento. Em 2009, devemos ter crescimento menor, mas de nenhuma maneira esta crise terá aqui o efeito que está tendo no primeiro mundo”, destacou o ministro.
Ele comparou o cenário norte-americano e europeu com o Brasil. Nestes países, enquanto os governos investem bilhões de d&oac,ute;lares e euros para “cobrir rombos “, o governo brasileiro tem liberado recursos para manter o ritmo da atividade econômica, destacou. “A situação é diferente. Antes, em todas as crises anteriores, o governo quebrava e ia ao FMI. Desta vez, o governo está bancando”, declarou.

A redução de impostos e a ajuda financeira às empresas são soluções que têm como alvo o trabalhador, disse o ministro, respondendo às críticas da oposição que acusa o governo de distribuir recursos para os setores empresarial e financeiro. “Nós não estamos dando dinheiro para ninguém. Estamos fazendo financiamentos para sustentar a atividade econômica. Nossa base social (dirigindo-se aos petistas), será afetada se deixar as empresas quebrarem”, comentou Bernardo, citando que dez mil trabalhadores perdem seus empregos por dia, na Europa, desde que a crise se alastrou.

Âncora

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é um dos instrumentos que o governo têm para evitar a desaceleração da economia, disse o ministro. “O PAC que era para acelerar, agora, será para não desacelerar. Nós vamos usá-lo como âncora. Vamos manter todos os investimentos”, disse o ministro do Planejamento. Ele voltou a defender a queda dos juros e disse que o partido tem que manter vivo este debate. “Essa discussão tem que ser feita. E já começou”, afirmou Bernardo.