Polêmica

Projeto limita atuação de famosos em propagandas de bebidas alcoólicas

Artistas, atletas e celebridades em geral podem ser proibidos de participar de campanhas publicitárias de bebidas alcoólicas. É o que prevê o projeto de lei apresentado no fim de março pelo deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR). Apesar de ainda nem ter sido analisado pelas comissões permanentes, é possível que o assunto cause polêmica, principalmente devido ao histórico de restrições anteriores às propagandas deste setor.

De acordo com o parlamentar, a ideia é prevenir que os jovens comecem a beber e se tornem alcoólatras no futuro. “Não podemos deixar que pessoas reconhecidas e admiradas fiquem estimulando a juventude a beber, pois a bebida é responsável por acidentes no trânsito e até crimes. O ideal seria proibir as propagandas como um todo. Já tentamos e não conseguimos, então achamos que pelo menos algo nesse sentido pudesse ajudar”, explica. Ele conta que tomou a iniciativa após assistir à propaganda de bebida com o técnico da Seleção Brasileira de Futebol, Mano Menezes.

Mercado

Apesar da aparente ameaça à liberdade de seu trabalho, os publicitários acreditam que, mesmo se aprovado, o projeto não deve causar prejuízo ao mercado da propaganda. “O maior problema que é que o projeto não estabelece quem é considerado celebridade. Quem vai julgar isso? Isso dificulta um pouco o trabalho, mas com certeza não vai prejudicar o mercado, pois outras alternativas poderão ser criadas”, comenta a diretora do Sindicato das Agências de Propaganda do Paraná (Sinapro-PR), Marilda Précoma Podlecki. A Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) não retornou o pedido de entrevista.

Publicitário não leva a sério

Para o diretor do Clube de Criação do Paraná, Ricardo Schrappe, o projeto nem deveria ser levado a sério. “A discussão até é válida, mas o caminho não deve ser esse, vindo de um político. Ainda mais porque a publicidade se espelha na verdade e, se um artista topa fazer uma propaganda dessas é porque consome o produto e a sociedade é inteligente e crítica o suficiente para não ser influenciada de forma negativa por uma celebridade”, opina. O publicitário afirma que se sente “agredido por não ter o direito de usar esse recurso”, apesar de acreditar que, em muitos casos, a participação de uma celebridade pode até ser prejudicial para a venda do produto.