Professores da Federal ameaçam parar de novo

Mais uma vez o ano letivo na Universidade Federal do Paraná pode ser interrompido. Hoje os professores realizam assembléia, às 16h30, para discutir o indicativo de greve. A categoria é contra a reforma universitária apresentada no Congresso e também pedem reposição salarial de 50%. A mobilização é nacional. A luta dos professores para a repor quase 10 anos de perdas salariais começou em janeiro e até agora nada foi resolvido. Segundo a diretora de imprensa da Associação dos Professores, Milena Maria Costa Martinez, a defasagem é de 125%. No entanto, a categoria reivindica reajuste imediato de 50% e a incorporação das gratificações ao salário. Entre vencimento e gratificações os docentes ganham em média R$ 1.800,00. No entanto, a proposta do governo apresentada na semana passada é bem diferente. O reajuste fica entre 12% e 32% sobre as gratificações que variam de R$ 600 e R$ 1 mil. “O governo está adotando dois pesos e duas medidas. Para os militares querem conceder aumento de 12% sobre o soldo total do salário”, compara.

Os professores também são contra a reforma universitária. Para Milena, as mudanças não melhoram o ensino público. Um dos pontos questionados é a compra de vagas em faculdades particulares. Segundo Milena, o governo pretende destinar 835 milhões através de reforma fiscal para esta finalidade, mas o montante daria para abrir 400 mil vagas públicas no País. “É transferência de dinheiro público para a área privada”, critica.

Miséria

Os professores também querem que a universidade seja pública. Cada vez mais o governo federal tem deixado de arcar com algumas responsabilidades, como os custos de manutenção. “As universidades vivem na miséria. O dinheiro arrecadado com os cursos de especialização e até consultorias tem sido usado para pagar as contas de água, luz, telefone”, comenta.

De acordo com Milena também não há previsão de concurso público. Só na UFPR há cerca de 700 vagas em aberto. Hoje são supridas através de contratos precários e o salário base é de R$ 450,00. “É uma vergonha”, fala. Além disso, estes professores não têm vínculo duradouro para se envolver em projetos de pesquisa. “A concepção da reforma é pela privatização do ensino. Cede aos apelos do mercado e deixa de lado o ensino, a qualidade e a pesquisa”, reforça Milena. As discussões sobre o indicativo de greve continuam no fim de semana. No domingo, representantes de todos os estados se reúnem em Brasília. Hoje pela manhã, estudantes e professores realizam ato público na Praça Santos Andrade.

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