A Procuradoria Pública Federal de Berna, na Suíça, comunicou a força-tarefa da Operação Lava Jato sobre a existência de duas contas no país que seriam controladas pelo ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró – que negou em juízo ter contas fora do Brasil.

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Em uma delas foi rastreado um depósito de US$ 78 mil, em setembro de 2008, originário de conta do operador de propina do PMDB Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano.

Os dois estão presos em Curitiba, acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no esquema que desvio pelo menos R$ 6,2 bilhões da estatal entre 2004 e 2014.

O documento da Suíça, em que o procurador Stefan Lenz comunica a apuração local, foi encaminhado ao Ministério Público Federal do Brasil no início do mês, dentro de um acordo de cooperação internacional entre os dois países.

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Nele, os procuradores transmitem oficialmente os dados levantados na Suíça sobre as duas contas de Cerveró e solicitam que a força-tarefa assuma a responsabilidade de buscar na Justiça a condenação criminal do ex-diretor.

É a primeira prova da existência de contas de Cerveró no exterior com indícios de recebimentos de valores suspeitos.

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Caminho do dinheiro

Cerveró e Fernando Baiano são réus em processo aberto em 14 de dezembro de 2014, a pedido da força-tarefa da Lava Jato, envolvendo propina de US$ 30 milhões da coreana Samsung Heavey Industries para construção e operação de duas sondas de perfuração marítima para exploração de petróleo no Golfo do México e na África.

Representada no Brasil pelo lobista Julio Gerin Camargo, a Samsung teria pago propina para o operador do PMDB para obter o contrato na Diretoria de Internacional – contratos assinados em 2006 e 2007. O negócio envolveu o pagamento Piamonte Investment Corp., controlada por Camargo, em conta bancária em Uruguai, por meio de “contratos fictícios de assessoria”.

Cerveró já foi condenado a cinco anos de prisão no final de maio em processo em que foi acusado por lavagem de dinheiro na compra do apartamento em que morava, no Rio, avaliado em US$ 7,5 milhões, em nome de laranjas. O que a Lava Jato buscava eram mais elementos do recebimento de vantagens por Cerveró no esquema de corrupção da Petrobras, que teriam permitido a compra de bens de maneira oculta, como o imóvel.

Os documentos serão usados na ação penal em que ele responde ao lado de Fernando Baiano, sobre os negócios das sondas – em fase final.

Defesa

O advogado Edson Ribeiro, que defende o ex-diretor da Petrobras, não foi encontrado para comentar o caso. Ele tem sustentando que seu cliente não recebeu propinas e nem lavou dinheiro ilícito. Fernando Baiano também nega ser operador de propina e envolvimento em esquema de corrupção na Petrobras.