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Luiz Abi pede anulação da delação que mandou Beto Richa pra cadeia

Primo de Beto Richa, Luiz Abi Antoun, está foragido no Líbano e advogado se apresentou como seu defensor no processo. Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina
Primo de Beto Richa, Luiz Abi Antoun, está foragido no Líbano e advogado se apresentou como seu defensor no processo. Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

Denunciado por corrupção passiva em processo decorrente da Operação Rádio Patrulha, o primo do ex-governador Beto Richa (PSDB), Luiz Abi Antoun, que tem um mandado de prisão temporária contra si e ainda não voltou do Líbano, questionou na Justiça a validade de gravações e capturas de tela apresentadas como provas pelo empresário Tony Garcia – que se tornou um delator do esquema de corrupção. Antoun pede que o acordo de colaboração premiada e as provas sejam anulados.

Richa, o primo e outras 11 pessoas chegaram a ser presos na operação, que investiga o direcionamento de licitação em um programa de pavimentação de estradas rurais, em troca de propina.

Os pedidos constam da defesa preliminar de Antoun, juntada à ação penal nesta quarta-feira (17). No documento, o advogado Anderson Mariano argumenta que “há fundada dúvida quanto à edição” das gravações apresentadas por Tony Garcia e que não é possível garantir que as vozes captadas são mesmo das pessoas a que o delator se referiu em seus depoimentos. A defesa alega ainda que o colaborador não entregou à Justiça o aparelho em que fez as gravações, para que este pudesse ser periciado.

Entre os áudios disponibilizados às autoridades por Tony Garcia, estão gravações de reuniões, em que empresários a quem a licitação foi direcionada combinam que 8% do valor bruto que receberiam seriam repassados como propina ao núcleo político de Richa. Em outro material, o delator gravou uma conversa com o ex-governador, em que este diz ter caído um “tico-tico” e que, por isso, Garcia deveria “ir pra cima” de um dos empresários. Segundo as investigações, “ir para cima” significa cobrar propina atrasada.

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O advogado de Antoun também contestou as conversas de WhatsApp e reproduções de diálogos fornecidos pelo delator. Segundo a defesa, “pela simples captura de tela não é possível constatar se o nome associado ao contato realmente condiz com o titular da linha” e “as supostas conversas podem, inclusive, ter sido manipuladas pelo próprio colaborador premiado”.

Em razão disso, a defesa do primo de Richa pede que as provas sejam consideradas nulas e, por consequência, que a Justiça rejeite a denúncia oferecida contra Antoun, “ante ausência de justa causa”.

Por causa disso e de “outros vícios”, a defesa de Antoun pede que a Justiça anule o acordo de colaboração premiada firmado com Tony Garcia. Entre os outros fatores, o advogado do primo de Richa afirma que a delação foi homologada por um magistrado que, posteriormente, “se declarou suspeito para atuar nos processos relacionados”. Além disso, a defesa questiona a credibilidade de Tony Garcia, que teria firmado a delação com intuito de “evitar a todo custo ser responsabilizado por suas ações, desviando o foco para pessoas de maior visibilidade”.

Delator

O empresário Tony Garcia refutou cada um dos argumentos apresentados à Justiça pela defesa de Luiz Abi Antoun. O delator ainda não teve acesso ao documento, mas, em entrevista à Gazeta do Povo, ao ser informado do teor das alegações do primo de Richa, o empresário riu, ironicamente. “Tudo isso que ele aponta já foi amplamente discutido e elucidado. É uma argumentação que não para em pé”, disse.

Sobre os áudios e conversas de WhatsApp fornecidos às autoridades, Tony Garcia disse que todos os materiais foram periciados pela Justiça Federal e pela Justiça Estadual, antes da homologação do acordo de colaboração, o que assegurou que os elementos de prova não sofreram edições ou violações.

Outro lado

Na ocasião da denúncia, Richa e Pepe afirmaram que, a exemplo da prisão temporária, a denúncia contra eles “é baseada única e exclusivamente em termos de depoimento de colaborador premiado já conhecido do Poder Judiciário paranaense, sem qualquer base em provas de suas falaciosas alegações”.

“Ainda mais grave, sem a mínima diligência investigativa por parte do próprio Ministério Público ou da Polícia Civil para fins de verificar as ilações feitas pelo delator. Contudo, permanece a confiança na Justiça, que, em tempo certo, restabelecerá a verdade e a honra da família Richa”, diz o texto.

A defesa de Ezequias Moreira informou que ele “apresentará sua defesa nos autos demonstrando sua plena inocência”. A defesa de Deonilson não se manifestou.

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