Políticos que defendem novos Estados enfrentam ações

Lideranças envolvidas diretamente nas articulações para a criação de dois novos Estados dentro do atual território do Pará têm pendências com a Justiça. A realização de um plebiscito para a criação de Carajás e Tapajós foi aprovada na semana passada pela Câmara dos Deputados e pode permitir que estes políticos tentem candidaturas para cargos de ainda maior expressão, como governadores e senadores.

Um dos principais negociadores na Câmara da aprovação da proposta de plebiscito para a criação de Tapajós, o deputado federal Lira Maia (DEM) é um dos campeões em números de processos no Supremo Tribunal Federal (STF). Ex-prefeito de Santarém, possível futura capital do novo Estado, ele é investigado ou réu em inquéritos e processos que apuram crimes de responsabilidade, desvio de verbas e irregularidades em licitações.

Em 2009, o plenário do STF aceitou duas denúncias contra o parlamentar. Na primeira delas, ele foi acusado de envolvimento em irregularidades em 24 processos licitatórios para compra de merenda escolar da rede pública de Santarém. Na época dos fatos ele era prefeito do município. De acordo com informações divulgadas na ocasião pelo STF, o suposto superfaturamento teria sido de quase R$ 2 milhões.

Lira Maia diz haver motivações políticas nos processos judiciais contra ele. “Todos os processos foram abertos com motivação política, como forma de tentar me descredenciar perante os eleitores numa tentativa de arregimentar algum proveito político em minha região.” No caso da compra de merenda pública, ele afirma que suas contas foram aprovadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Outro defensor da criação do Estado do Carajás, Asdrúbal Bentes (PMDB) também tem pendências na Justiça. Ele foi acusado pelo Ministério Público de oferecer laqueadura de trompas em troca de votos na eleição municipal de 2004. Bentes fez o parecer pela aprovação da proposta na Comissão da Amazônia e foi o deputado mais votado na região do possível Estado nas últimas eleições. Em 2007, o STF aceitou uma denúncia e determinou a abertura de ação penal. Atualmente, ele é secretário da Aquicultura e Pesca do Pará. A assessoria da secretaria informou que ele estava em viagem e não tinha como localizá-lo para comentar o tema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.