Investigação

Polícia investiga assassinato de líder do MST retirado à força de assentamento no Paraná

Foto: Jonathan Campos / Arquivo

A polícia do Paraná investiga o assassinato do líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Ênio Pasqualin, 48, morto a tiros depois de ter sido retirado à força de casa por criminosos, em Rio Bonito do Iguaçu, sudoeste do estado.

O crime ocorreu na noite de sábado (24), mas o corpo dele só foi encontrado na manhã de domingo (25). Segundo o delegado Marcelo Trevisan, Pasqualin foi surpreendido com dois criminosos na entrada de casa, no assentamento Ireno Alves do Santos.

Um deles atirou, atingindo o militante na perna, mas ele conseguiu fugir para dentro da residência, onde também estavam vários de seus familiares. Eles conseguiram bloquear uma das portas, mas um dos criminosos quebrou outra entrada de vidro e conseguiu entrar.

Depois, ele rendeu a família e pediu que todos entregassem os celulares. Após, fugiram levando Pasqualin em uma caminhonete que roubaram de um dos familiares.

O corpo foi encontrado na margem de um rio, a cerca de 10 km do assentamento. A caminhonete foi abandonada na cidade de Manguerinha, distante 100 km de Rio Bonito do Iguaçu.

A polícia trabalha com duas linhas de investigação, mas não revelou quais. O Ministério Público Federal informou que acompanha a apuração. “Ainda estamos em diligência, portanto algumas informações que já possuímos não podem ser reveladas nesse momento, caso contrário poderiam atrapalhar a investigação”, disse Trevisan.

Em nota, o MST lamentou a morte do integrante do grupo e afirmou que há “claras evidências de execução” no crime, cobrando apuração dos fatos.

Pasqualin começou na coordenação de base e chegou a dirigente estadual do MST. Iniciou a militância há 24 anos, em Saudade do Iguaçu, também sudoeste do Paraná.

Fez parte de uma das maiores ocupações do MST, em 1996, quando cerca de 3.000 famílias ocuparam um dos maiores latifúndios do Sul do país, o complexo Giacomet-Marodin, atual madeireira Araupel. No final daquele ano, fixou-se no assentamento em Rio Bonito do Iguaçu.

“Ele continuou ajudando a construir a luta por Reforma Agrária, seja no âmbito da produção e na organização dos assentados […] ou quando ajudou os filhos e filhas dos assentados e assentadas a se organizarem para continuar a luta pela terra na extensa área da Araupel”, completou o MST na nota.

Pelas redes sociais, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT) também cobrou explicações. “O assassinato não pode se tornar mais um crime impune na escalada de violência contra os movimentos sociais e contra todos que defendem os interesses do povo brasileiro”, afirmou.