Polícia Federal reavalia grampos com aval de Gurgel

A Polícia Federal (PF) prepara uma nova avaliação das interceptações telefônicas da Operação Monte Carlo em busca de indícios sobre o envolvimento de políticos com a organização criminosa de Carlinhos Cachoeira.

A decisão do delegado Matheus Mela Rodrigues, responsável pela operação, foi tomada em função da quantidade de informações e tem como objetivo detalhar a participação dos políticos. A ação tem a chancela do procurador-geral, Roberto Gurgel.

Na avaliação do delegado, as descobertas feitas durante as investigações devem derivar em pelo menos outros dez inquéritos. A quantidade de informações sobre a infiltração do grupo de Cachoeira na administração estadual de Goiás e as relações da Delta serão objeto dessas novas apurações. No Distrito Federal, a Polícia Civil já deflagrou a Operação Saint-Michel, um desdobramento da Monte Carlo.

Num primeiro momento, a PF vai fazer uma reanalise dos áudios e dos depoimentos tomados durante a operação. Se necessário, serão feitas novas oitivas.

‘Bobagem”

Nesta quinta, o ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza afirmou que a PF foi quem pediu para segurar a investigação da Operação Vegas em 2009. A investigação foi enviada ao atual procurador-geral, Roberto Gurgel, em setembro de 2009. A mulher de Gurgel, a subprocuradora Cláudia Sampaio, foi designada por ele para avaliar o caso. Ela considerou na ocasião que não havia indícios suficientes para que sugerisse ao marido pedir a abertura de investigação contra esses parlamentares no Supremo Tribunal Federal (STF).

Antonio Fernando, que deixara a chefia do MP em julho daquele ano, telefonou recentemente para Cláudia para saber se a investigação da Vegas chegou ainda na gestão dele. A subprocuradora disse-lhe que não, mas detalhou a ele que foi a PF que pediu que a apuração não fosse encerrada. “A deliberação seria pelo arquivamento”, afirmou.

O ex-chefe do MP classificou como uma “bobagem” a discussão que está sendo travada em relação ao caso. “Nada foi feito para postergar a investigação. O objetivo é fazer uma investigação que dê resultado. E a apuração deu. Se fosse arquivado lá atrás, nada teria sido revelado”, disse. Ele ressaltou que Gurgel tem suas “razões de conveniência” para abrir uma investigação ou não e que não há nada de “ilegal” na decisão.