Polícia fecha escritório de deputados em Curitiba

A Polícia Federal (PF) cumpriu ontem mandado de busca e apreensão na Casa do Povo, no Centro de Curitiba, recolhendo documentos, cadeiras de roda, muletas, dentaduras, entre outros materiais. Por determinação do TRE, a Casa do Povo – local situado na Praça Rui Barbosa, onde o deputado estadual Carlos Simões (PTB) e o deputado federal Íris Simões (PTB) mantêm uma espécie de escritório político para atender eleitores e ouvintes dos seus programas de rádio – também foi lacrada e só poderá ser reaberta ao final do período eleitoral. O TRE expediu mandado acolhendo um pedido do Ministério Público, em investigação de suposto abuso de poder econômico envolvendo os dois deputados.

A ação da PF ocorreu por volta das 6h, sendo apreendidos documentos em papel, cadeiras de rodas, inaladores, dentaduras, fraudas, entre outros materiais, que podem ser indícios de prática eleitoral irregular. Segundo a PF, não foram encontrados dois computadores que estavam no local no dia anterior. Foram encontradas somente fiação e impressoras. O material apreendido já encontra-se no TRE.

A PF informou que, no momento da ação policial – que foi coordenada pelo delegado da polícia federal Flúvio Cardinelle – vários funcionários e populares estavam na Casa do Povo. Como a investigação não será feita pela PF, mas pela Justiça Eleitoral, somente foram anotados os nomes dos funcionários, que não precisaram prestar depoimento. De acordo com a assessoria da PF, as pessoas faziam cadastro com número de título de eleitor e comprovante de residência, para depois serem chamados e receber itens que pediam.

Em despacho expedido anteontem, o corregedor regional eleitoral, desembargador José Antonio Vidal Coelho, decretou a ?imediata suspensão da conduta dos investigados no sentido de distribuir bens e serviços à população?. Segundo Vidal Coelho, elementos de prova previamente colhidos em investigação judicial apresentam graves indícios da prática ostensiva de abuso do poder econômico – doação de bens e serviços – com o fim de corromper a liberdade de voto, em benefício dos investigados. Carlos Simões é candidato a deputado estadual e Íris Simões, a deputado federal.

O corregedor regional eleitoral determinou em seu despacho que fosse realizada a busca e apreensão de ?cadastros ou fichas de beneficiários (principalmente listagens em que apareçam relacionados títulos de eleitores), cópias de títulos de eleitores, computadores, materiais e bens distribuídos (doados) pelos investigados de listas?. Vidal Coelho justificou que o mandado deveria ser feito sem ouvir os investigados, pois havia receio de ?perecimento da prova eventualmente existente naquele estabelecimento?.

Em denúncia ao TRE, o Ministério Público Eleitoral pede ao tribunal que declare Íris e Carlos Simões inelegíveis por três anos, por abuso de poder econômico. O MPE pede também que sejam cassados os registros de candidatura dos dois deputados que tentam a reeleição.

Os deputados não foram encontrados pela redação de O Estado para dar declarações. Tanto no gabinete de Íris em Brasília como no de Carlos Simões, na Assembléia Legislativa, ninguém atendeu ao telefone. Números de telefones celulares também foram chamados, sem que houvesse resposta. 

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