Polícia apura apoio político em ato contra emenda Ibsen

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) suspeita que funcionários da prefeitura de Campos dos Goyatacazes estão envolvidos no protesto que bloqueia os dois sentidos da BR-101 no norte fluminense há mais de cinco horas. Segundo o inspetor Maurício Sarmet, chefe da delegacia local da corporação (10º DPF), um caminhão da prefeitura foi apreendido na manhã de hoje levando pneus para serem queimados pelos manifestantes no quilômetro 76 da via, que foi invadido por manifestantes no início da manhã.

A PRF recebeu denúncias anônimas de que há funcionários públicos entre os manifestantes, que teriam sido mobilizados por políticos da região e transportados ao local por ônibus fretados. Eles protestam contra aprovação da chamada “emenda Ibsen” na Câmara dos Deputados, ocorrida ontem. A proposta altera a distribuição dos royalties e participações especiais da exploração do petróleo e, se for aprovada no Senado e promulgada, provocará a perda de mais de R$ 5 bilhões anuais para o Estado e 90 municípios fluminenses.

Segundo a PRF, o congestionamento nos dois sentidos da rodovia já chegava a 30 quilômetros por volta das 12h40. Já a concessionária Autopista Fluminense informou que o engarrafamento era de apenas seis quilômetros em cada sentido. Os manifestantes queimaram pneus e pedaços de madeira.

“Se confirmarmos o envolvimento de políticos nesse movimento, isso não me surpreenderá. Não é o que se espera, mas já tivemos outros episódios aqui envolvendo autoridades, infelizmente. Na verdade estão criando um problema para todos e não me parece que essa falta de sensatez vai resolver o problema gerado, mas não me cabe fazer juízo de valor quanto a isso”, disse Sarmet.

Segundo ele, a interdição também prejudica o reforço do efetivo da PRF no local. Os agentes tentam negociar a liberação pelo menos parcial da pista, mas os manifestantes não aceitam. A BR-101 é a principal ligação entre os Estados do Rio e do Espírito Santo. Ninguém foi encontrado na prefeitura de Campos para comentar o envolvimento do caminhão do município no ato. No site da prefeitura, uma notícia apresenta o protesto como um movimento de “representantes da sociedade civil”.