Polarização entre PT e PSDB chega a cidades médias

A polarização entre PT e PSDB, que vem guiando as últimas eleições presidenciais, começa a tomar forma também na esfera municipal, aponta um estudo realizado por uma equipe do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), integrada pelo cientista político Fernando Limongi. Ao se contrapor à tese de que a estrutura federativa do Brasil dificulta a consolidação dos partidos, o texto mostra que, na maioria das 20 cidades paulistas com mais de 200 mil eleitores, as duas siglas são protagonistas nas disputas eleitorais, a exemplo do que ocorre nas corridas presidencial e estadual.

A força política dos dois partidos se dá de maneira explícita ou pela influência que exercem na organização partidária, defendem os pesquisadores. O levantamento detectou quatro grupos de cidades em que as duas siglas se destacam no jogo eleitoral municipal. No primeiro grupo – em que aparecem os municípios de São José dos Campos, Carapicuíba, Franca e Jundiaí – esses partidos aparecem como “organizadores explícitos” do processo eleitoral.

Num segundo grupo estão as cidades em que PT e PSDB lideram o processo eleitoral, porém com a presença de uma terceira força. É o caso de Ribeirão Preto e Sorocaba, onde o estudo detectou um papel relevante do DEM, ou ainda de Piracicaba e Campinas, onde têm peso PPS e PDT, respectivamente.

Um terceiro grupo inclui cidades em que o bloco de esquerda liderado pelo PT conseguiu se estruturar, graças ao fato de esses municípios terem servido como berço político para forças trabalhistas. Aparecem Santo André, Guarulhos, Osasco, Diadema e São Bernardo do Campo. No quarto grupo, estão municípios em que um dos dois partidos se apresenta como uma “força organizadora da disputa eleitoral”, mas o outro tem um “comportamento instável”, como Santos e Mogi das Cruzes.

O estudo analisou separadamente casos como o de Mauá, em que nenhuma sigla chegou mais de uma vez à prefeitura de 1996 a 2008. O quadro é semelhante em São José do Rio Preto, a não ser pelo fato de o PPS ter vencido em 2000 e 2004. Também no Guarujá predominam outras forças políticas, aponta o texto. Para os pesquisadores, nas cidades onde não lideram as eleições, PT e PSDB muitas vezes “ditam o comportamento dos demais atores”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.