A primeira retaliação do PMDB na Câmara à decisão da presidente Dilma Rousseff de não indicar nenhum deputado do partido para o Ministério já tem data marcada. Na próxima semana, a bancada do PMDB está disposta a derrubar o veto de Dilma ao projeto que permite a criação de pelo menos mais 200 municípios no País.

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Dilma alega que o governo não pode arcar com aumento de despesas dessa ordem, sem fonte de recursos para bancá-las. Diz, ainda, que o crescimento dos gastos com a manutenção de novas estruturas administrativas provocaria impacto na sustentabilidade fiscal e na estabilidade macroeconômica.

O presidente do PMDB e relator do projeto no Senado, Valdir Raupp (RO), afirmou que a proposta aprovada em outubro do ano passado, do jeito que está, permite dar início a processos de emancipação de aproximadamente 200 distritos.

Em reunião prevista para esta quarta-feira, 12, a bancada do PMDB na Câmara – composta por 76 deputados – deverá fechar questão para derrotar a ordem Dilma na sessão do Congresso.

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Para derrubar o veto, porém, são necessários 257 votos na Câmara e 41 no Senado. Ao menos por enquanto, o PMDB no Senado não quer comprar briga com Dilma. Apesar da insatisfação do partido com o estilo da presidente e com os rumos da reforma ministerial, os senadores pisam em ovos – como costumam dizer — para não piorar a situação.

Na avaliação do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), a tendência é a manutenção do veto de Dilma, embora o projeto desperte o interesse de políticos neste ano eleitoral.

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O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), nega que a intenção da bancada de derrubar o veto seja uma resposta à resistência da presidente em ampliar o espaço do partido na Esplanada. “Não é retaliação. É uma questão de coerência”, afirmou Cunha. “Votei assim antes e vou votar agora a favor dos municípios.”

Atualmente, o PMDB ocupa cinco ministérios (Minas e Energia, Previdência, Turismo, Agricultura e Aviação Civil). Indicados pela bancada do partido na Câmara, os ministros Gastão Vieira (Turismo) e Antônio Andrade (Agricultura) deixarão os cargos até o fim de março para disputar novamente a eleição. A presidente já avisou, no entanto, que não quer deputados do PMDB para controlar essas vagas.

O impasse aumentou quando Dilma recusou a indicação do PMDB do Senado, que pretende emplacar Vital do Rêgo (PB) no Ministério da Integração Nacional. Na semana passada, ela sugeriu que o líder do PMDB naquela Casa, Eunício Oliveira (CE), comandasse a pasta. Era, na prática, uma tentativa de tirar Eunício da disputa pelo governo do Ceará, abrindo caminho para um acordo entre o PT e o governador Cid Gomes (PROS), aliado de Dilma.

Eunício recusou a oferta. Na noite de ontem (segunda-feira), dirigentes e líderes do PMDB se reuniram com o vice-presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu. Temer será, mais uma vez, candidato a vice na chapa de Dilma à reeleição, mas senadores e deputados estão preocupados com o futuro do partido no governo e com os palanques nos Estados.

Pelo menos dois deles conversaram com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na semana passada.

Nos bastidores, peemedebistas não se cansam de repetir que o PT está no comando de 17 dos 39 ministérios, enquanto o PMDB controla cinco pastas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.