Ao declarar que considera ?imbatível? o prefeito Beto Richa (PSDB) na disputa eleitoral deste ano, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, mexeu com os brios peemedebistas. O presidente estadual do PMDB, deputado Waldyr Pugliesi, disse que se trata de uma ?visão individual? e ?equivocada?. Já o líder do governo na Assembléia Legislativa, Luiz Claudio Romanelli, foi mais ácido. ?Não consegue cuidar dos bois. Vai cuidar dos votos, agora??, atacou.
Mais virulenta foi a reação do diretório municipal do PMDB. Em nota divulgada ontem, a direção do partido disse que Stephanes teve ?uma recaída político-ideológica?, em referência ao passado do ministro, que já pertenceu ao DEM, antigo PFL, participou de governos militares e integrou a equipe do ex-governador Jaime Lerner.
Já o presidente estadual do PMDB preferiu não polemizar com Stephanes. Pugliesi acha que o ministro errou nas previsões porque o resultado de uma eleição jamais pode ser antecipado. ?Ninguém ganha uma eleição por antecipação. Esse Beto não é imbatível. Ninguém é imbatível?, disse Pugliesi, citando que a campanha eleitoral americana é um exemplo da imprevisibilidade das disputas. Ele mencionou que, há meses, nenhum americano imaginava que o senador Barack Obama poderia ameaçar a senadora Hillary Clinton nas prévias do Partido Democrata. A existência de mais de uma candidatura de oposição a Beto Richa altera o panorama, acredita o presidente do PMDB. ?Estou convencido que a soma dos votos de todos os candidatos de oposição levará a eleição ao segundo turno. Daí, é outro dia?, disse.
Mas o presidente municipal do partido, Doático Santos, foi mais longe. Chamou de ?despudorada? a postura do ministro e prometeu levar o caso à Comissão Executiva Nacional e também ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao comentar a eleição, o ministro também minimizou as chances do PT vencer o prefeito tucano na disputa.
Os petistas reagiram à posição de Stephanes, ressaltando as possibilidades eleitorais da sigla e da presidente estadual do partido, Gleisi Hoffmann, que disputa uma prévia interna no próximo domingo com o deputado estadual Tadeu Veneri e o militante Luiz Herlain. ?Prefiro achar que o ministro estava brincando quando falou tudo aquilo. Não tem nada definido ainda nesta eleição?, afirmou o líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa, professor Luizão.
Stephanes Júnior reage à nota
Filho do ministro Reinhold Stephanes e pré-candidato à prefeitura pelo PMDB, o deputado estadual Reinhold Stephanes atacou ontem o presidente municipal do partido, Doático Santos. Stephanes chamou Doático de ?vagabundo? e ?mau-caráter? em virtude da nota oficial intitulada ?Compostura, ministro?, assinada pelo dirigente municipal, criticando as declarações do ministro da Agricultura sobre a sucessão em Curitiba. Stephanes Junior fez os comentários durante sessão plenária de ontem da Assembléia. ?Ele é um desqualificado moral?, reagiu o pré-candidato a prefeito. O líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), saiu em defesa de Doático e pediu a retirada dos registros taquigráficos das expressões usadas ao se referir a Doático. Romanelli disse que Stephanes tinha o direito de defender o pai, mas não de atacar o presidente municipal do partido. O presidente da Assembléia, Nelson Justus (DEM), determinou a extração da intervenção de Stephanes Junior dos registros da sessão. (Elizabete Castro)