A bancada do PMDB do Senado não vai orientar voto a favor ou contrário à indicação do jurista Luiz Fachin a ao Supremo Tribunal Federal. Oficialmente, o discurso do líder do partido, Eunício Oliveira (CE), é de que não há como encaminhar uma posição por se tratar de votação secreta. Nos bastidores, porém, a medida foi vista como uma forma de não contrariar em público o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que nunca escondeu o descontentamento em relação à escolha da presidente Dilma Rousseff.

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“O voto é secreto, não há como fazer encaminhamento oficial da liderança”, afirmou Eunício. No entanto, o líder do PMDB disse ter considerado muito bom o desempenho de Fachin na sabatina de terça-feira, por ter respondido a todos os questionamentos. Na sessão da CCJ, senadores importantes da sigla, como o ex-líder do governo Romero Jucá (RR) e o ex-ministro Garibaldi Alves (RN), declararam que votariam pela aprovação do indicado ao STF.

Na quarta-feira, 13, mesmo após apelos de senadores da base, Renan manteve a posição de só levar o nome de Fachin a plenário na terça-feira. O presidente do Senado alegou ter fixado a data para mostrar “neutralidade” em relação ao tema.

“Marcamos para terça-feira exatamente para desfazer qualquer conotação em relação à condução do presidente. Porque se você improvisa, se você votar a qualquer hora, qualquer dia, vai sempre aparecer alguém que vai dizer: votou hoje para administrar um quórum menor. Ou que votou antecipadamente para utilizar um quórum maior”, afirmou Renan.

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Outros partidos

Além do PMDB, que conta com 17 senadores, outros partidos da base, como PDT e PP, decidiram não fechar questão sobre o assunto.

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A liderança do PSB também não encaminhou nenhuma posição. Na oposição, o PSDB tem declarado ser contra o nome de Fachin, mas liberou o senador Álvaro Dias (PR) para fazer campanha pelo jurista – Fachin é gaúcho, mas fez carreira no Estado do tucano. A única bancada que declara apoio em peso ao indicado de Dilma é o PT.

Otimismo

Após a sabatina, o governo está otimista com a aprovação em plenário de Fachin. O placar de 20 a 7 favorável ao jurista na CCJ foi considerado “muito bom” e a expectativa, neste momento, é de que a proporcionalidade se repita em plenário, embora o governo esteja ciente das dificuldades.

Apesar de alguns assessores palacianos considerarem que teria sido melhor que a votação em plenário tivesse ocorrido ainda nesta semana, parte da equipe do Planalto acredita que o prazo até terça-feira será benéfico para “vencer resistências” que por acaso ainda existam entre os aliados. Dilma, segundo auxiliares, ficou “satisfeita” com o resultado da sabatina e agora aguarda os números do plenário, na semana que vem.

Ao falar do que se espera para a votação em plenário, assessores palacianos lembraram o processo envolvendo o ministro Gilmar Mendes, que obteve uma das menores margens de aprovação na CCJ do Senado – 16 favoráveis e 6 contrários -, mas foi aprovado em plenário e está no Supremo até hoje.

A avaliação no Planalto é de que Fachin foi “muito bem” na sabatina, apresentou suas posições e elas foram bem recebidas pelos parlamentares. Temas polêmicos, como a visão do jurista sobre a propriedade privada, as invasões de terra e o conceito de família, não ficaram sem resposta, assim como o suposto vínculo partidário do jurista, que declarou voto em Dilma em 2010. Agora, avaliam esses assessores, o trabalho individual com senadores mais resistentes teria ficado mais fácil.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.