PMDB acusa governo de uso eleitoral da máquina

O Diretório Regional do PMDB fez uma comunicação ao procurador regional eleitoral, João Gualberto Garcez Ramos, denunciando o governador Jaime Lerner (PFL) e os partidos da aliança governista que apóiam a candidatura de Beto Richa (PSDB) ao governo do Estado por uso da máquina pública na campanha eleitoral. O fundamento do comunicado foi a reunião realizada anteontem à noite no Canal da Música, em Curitiba, da qual participaram secretários estaduais e funcionários comissionados e de carreira.

A assessoria jurídica do PMDB acusa o governador do Estado de pressionar o funcionalismo a apoiar os candidatos da coligação PSDB-PFL e de usar as instalações de um prédio público para arregimentar cabos eleitorais. No comunicado, o PMDB cita que a lei impede os agentes públicos de tomarem “condutas tendentes a afetar a igualdade de entre candidatos no pleito eleitoral”.

Cobrança

Questionado pouco antes do início da reunião, Lerner negou que o encontro tivesse conotação político-eleitoral, mas não deixou de falar na sucessão estadual. Ele cobrou o apoio da base aliada à candidatura ao governo de Beto Richa e do senador José Serra (PSDB) à Presidência da República. “Na política, a gente tem que estar de um lado só. Há cerca de quinze dias afirmei que quem não está com Beto Richa não está comigo. Da mesma forma, quem não está com Serra também não está comigo”, disse o governador.

O Diretório do PMDB informou que recebeu a visita de dezenas de funcionários públicos comissionados que contaram detalhes da reunião e confirmaram que foram coagidos a trabalhar na campanha governista à sucessão estadual. O secretário geral do partido, Luis Carlos Delazari, afirmou que o PMDB fará uma fiscalização intensiva para impedir o uso da máquina pública e a pressão sobre o funcionalismo, principalmente os comissionados. “Não vamos permitir a ocorrências de ilícitos como em eleições passadas. Vamos fazer uma marcação cerrada sobre o governo do Estado e as prefeituras”, disse

Governo diz que foi balanço

O secretário de Governo, José Cid Campêllo Filho, disse que a denúncia do PMDB não tem fundamento. “Todo mundo é livre para denunciar, mas não houve nenhum delito eleitoral”, afirmou o secretário. Ele justificou que a reunião realizada no Canal da Música serviu apenas para que o governador Jaime Lerner (PFL) fizesse um balanço das ações dos seus dois mandatos. “Tudo o que o governador fez foi mostrar o seu trabalho, o que vem sendo feito pelo governo”, disse o secretário.

Campêllo Filho afirmou ainda que o caráter de prestação de contas da reunião no Canal da Música está caracterizado no vídeo exibido sobre os programas e obras do governo. Segundo o secretário, Lerner agradeceu a ajuda dos funcionários e a única menção ao processo eleitoral que o governador teria feito, segundo Campêllo, foi declarar que estava ao lado do candidato tucano à presidência da República, José Serra (PSDB), e de Beto Richa (PSDB) para o governo do estado.

“O governador falou apenas isso, expressou uma posição pessoal”.

Arrastão atrás dos votos

O governo do Estado montou uma estratégia para alavancar a candidatura de Beto Richa (PSDB) à sucessão de Jaime Lerner (PFL). Conforme apurou O Estado, secretários de estado e chefias de órgãos e setores estão convocando verbalmente seus subordinados para participar de “arrastões” eleitorais nos finais de semana. Os funcionários estão sendo recrutados para reservar pelo menos um dos seus dias de folga, sábado ou domingo, ao trabalho de panfletagem e visita aos bairros de Curitiba e a municípios da Região Metropolitana de Curitiba. Outros estão sendo convidados a viajar às cidades do interior para ajudar a expor a proposta de governo de Beto Richa.

A fórmula do governo é dirigida principalmente a funcionários que ocupam cargos em comissão. Esta forma de fazer campanha já foi denunciada em eleições anteriores. Em 2000, o staff de campanha do então candidato à reeleição, prefeito Cássio Taniguchi (PFL), foi acusado de usar a mesma estratégia com os servidores comissionados do município. Na eleição para o governo em 98, os adversários políticos de Jaime Lerner também chegaram a divulgar cópias de um panfleto chamando os funcionários para trabalhar pela reeleição.

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