Planalto minimiza interesse por Osmar Dias

Um integrante do primeiro escalão do governo Lula entrou em contato ontem, 19, com o governador Roberto Requião (PMDB) para tentar desfazer o desconforto criado nos últimos dias entre petistas e peemedebistas devido à proximidade política do Palácio do Planalto com o senador Osmar Dias (PDT).

Na conversa, o emissário do presidente minimizou o episódio do interesse do presidente da República em ter o pedetista ocupando a posição de líder do governo no Congresso Nacional.

Assim como havia informado o senador pedetista em entrevista a O Estado do Paraná no início da semana, o interlocutor do presidente disse ao governador que não houve um convite formal ao pedetista. Na entrevista, Osmar havia confirmado que foi sondado, mas que a proposta ainda não havia sido formalizada.

A possibilidade de o adversário de Requião na eleição de 2006 ser líder de Lula no Congresso deixou os peemedebistas mais irritados ainda com os rumos das articulações do presidente da República para montar o palanque do PT no Paraná nas eleições do próximo ano.

Antes, o PMDB já havia sido surpreendido com a exclusão pelo presidente da República do vice-governador Orlando Pessuti da lista dos possíveis candidatos que o PT apoiaria no Paraná.

Lula citou Osmar e os ministros do Planejamento, o petista Paulo Bernardo, e da Agricultura, Reinhold Stephanes, filiado ao PMDB, mas que não aparece como pré-candidato ao governo nas discussões internas dos peemedebistas paranaenses. O episódio ajudou a ala do PMDB que busca uma composição com os tucanos no Paraná. O grupo teve sua posição reforçada depois das manifestações de Lula.

Desafeto

Durante a semana, o presidente e o vice-presidente do PMDB, os deputados estaduais Waldyr Pugliesi e Luiz Claudio Romanelli, defenderam publicamente o direito de o PMDB conversar com o PSDB. Os dois sempre foram defensores da manutenção da aliança com o PT no Estado nas eleições do próximo ano.

Romanelli culpou diretamente o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, pela guinada de Lula em direção a Osmar. De acordo com o peemedebista, de Brasília, Bernardo articula o distanciamento do PMDB e PT paranaenses. O ministro é marido da presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, e seu relacionamento com Requião nunca foi bom.

“Não queiram me transformar num adepto da aliança com o PSDB. Mas só não enxerga quem não quer. Não dá para fazer um projeto político para 2010 com o PT quando o comando petista não está aqui. Pautar um projeto político numa aliança com o PT em 2010 seria uma ingenuidade. Seria um castelo virtual. Por isso, não podemos fechar o diálogo com outros partidos”, afirmou Romanelli, que cobrou uma posição dos petistas em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa.