Embora seja contra o afastamento da presidente Dilma Rousseff, o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), será porta-voz da decisão da maioria dos 66 deputados de votar a favor do impeachment, na votação em plenário marcada para o próximo domingo, 17. Picciani aguarda apenas a reunião da bancada, marcada para a manhã desta quinta-feira, 14, para anunciar a decisão da maioria. O líder afirmou que não haverá fechamento de questão, em que os parlamentares são obrigados a seguir a decisão majoritária, sob pena de sofrerem punições que podem chegar à expulsão.

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“O PMDB estará o mais unido possível. Vou vocalizar a posição majoritária da bancada. É mais do que liberação da bancada (em que cada deputado vota como quiser)”, disse Picciani à reportagem, nesta quarta-feira, 13.

O líder reuniu-se com o vice-presidente Michel Temer na segunda e na terça-feira. Nos últimos dias, Temer conversou com mais de vinte deputados peemedebistas, o que fez ampliar o número de votos a favor do impeachment dentro da bancada. Picciani acertou com o vice que ajudaria a consolidar a unidade do partido, embora esteja decidido a votar em plenário contra o impeachment. Picciani tem dito que, se o impeachment for aprovado e o vice assumir, “cem por cento da bancada estará com Temer”.

Picciani disse à reportagem que não há possibilidade de se abster na votação de domingo. “Vou votar contra o impeachment e a bancada vai respeitar minha posição”, declarou. O líder disse que não haverá punição para os deputados que, como ele, ficarem ao lado da presidente. Segundo Picciani, a aprovação do fechamento de questão exige reunião conjunta da bancada e da executiva nacional do PMDB, com aprovação pela maioria dos dois grupos. “A bancada não defende fechamento de questão. Não existe convocação da executiva nacional, nada foi marcado”, afirmou.

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Embora esteja clara a posição amplamente favorável ao impeachment no PMDB, o líder evita cálculos de número de votos e diz que vai aguardar a reunião desta quinta-feira. Aliados de Picciani afirmam que o cenário hoje é de cerca de dez votos contra o impeachment e quase 60 a favor. A bancada deverá crescer de 66 para 68 ou 69 deputados, com a chegada de parlamentares que estão licenciados para exercerem cargos no Executivo, como os ministros da Saúde, Marcelo Castro, da Aviação Civil, Mauro Lopes, e da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, que anunciaram a decisão de voltar à Câmara para votar contra o afastamento da presidente.

Desde o início do processo de impeachment, Picciani vinha dizendo que havia um grupo grande de deputados que votaria de acordo com a tendência majoritária pró ou contra o impeachment. Caso a disputa entre governo e oposição estivesse paritária, o líder calculava poder entregar entre 25 e 28 votos contra o afastamento da presidente. Nos últimos dias, porém, houve grande migração de votos pelo afastamento no PMDB. Deputados indecisos e antes favoráveis a Dilma passaram a adotar o discurso de sustentação de um possível governo Michel Temer, que já começaria com o voto contra o governo no próximo domingo.

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