PFL endossa acordo mas não consegue evitar racha

Está oficializado o racha no PFL do Paraná. Na reunião de ontem pela manhã, a executiva estadual decidiu aceitar a proposta do PSDB e concordou em indicar o vice-governador na chapa encabeçada pelo tucano Beto Richa. O PFL também pretende preencher uma das vagas ao Senado.

O vice-presidente estadual do partido, deputado federal Abelardo Lupion, e o pré-candidato ao governo, deputado federal Rafael Greca, rebelaram-se contra a decisão e pretendem recorrer ao presidente nacional da legenda, Jorge Bornhausen, com quem conversam no final da tarde de hoje, em Brasília. O presidente estadual do PFL, João Elísio Ferraz de Campos, também pretende participar desta reunião.

O outro pré-candidato do partido ao governo, o ex-secretário do Desenvolvimento Urbano, Lubomir Ficinski, aceitou a decisão da executiva e retirou seu nome da disputa. Ficinski disse que, agora, vai articular sua escolha como candidato a vice-governador. “Eu sempre disse que não seria obstáculo nenhum a um acordo pilotado pelo governador Jaime Lerner. Agora, eventualmente, sou candidato a vice”, explicou. Além de Ficinski, outro nome que está sendo cotado para a vaga de vice é o deputado federal Werner Wanderer.

A reunião de ontem ocorreu num clima de absoluta tranquilidade. Lupion e Greca preferiram não participar da reunião, cuja deliberação vão contestar hoje junto a Bornhausen. O principal argumento dos dois é que somente os delegados do partido, em convenção, poderiam decidir sobre candidaturas e coligações. “Essa atitude de hoje rachou mesmo o partido. Fizeram um pré-acordo em nome dos que têm votos sem ouvi-los. A bancada estadual está acertadinha, mas nunca conversou com os deputados federais”, criticou Lupion.

Isolamento

O líder do governo na Assembléia Legislativa, deputado Durval Amaral, explicou que a posição do partido visa eleger uma grande bancada estadual e federal. “A grande preocupação nacional é ter um grande número de deputados federais. A grande preocupação dos deputados estaduais é ter uma grande bancada na Assembléia. A vontade de maioria vai prevalecer. Na política, é sempre assim”, explicou.

Amaral disse ainda que Greca e Lupion são as únicas vozes discordantes do partido. “O Greca tem o direito de pleitear a candidatura. Mas a maioria do PFL, cuja posição é preponderante, decidiu pela aliança e o apoio ao PSDB”, comentou.

A indicação do candidato ao Senado na chapa com o PSDB ainda está sendo estudada. A vice-governadora, Emilia Belinati, já ofereceu seu nome para o cargo. Mas a ala majoritária do partido está disposta a tentar convencer Greca a aceitar uma candidatura ao Senado..

Greca não reconhece decisão

O deputado federal Rafael Greca não reconhece legitimidade na reunião de ontem da cúpula do partido, que decidiu pelo apoio ao tucano Beto Richa na disputa pelo governo. “Desconheço o veto dos sem votos”, afirmou o deputado, que contestou o caráter fechado da reunião. “Oito pessoas decidiram tudo numa reunião fechada em um hotel. Um encontro com cara de reunião de sonegador de impostos. Parece até coisa de criminoso, de quadrilheiro. Não é coisa de gente normal”, atacou.

Greca disse que foi responsável pela eleição de 157 delegados, citando que a cada 1,5 mil votos de um deputado federal é indicado um delegado do partido. “Eu dei 157 delegados a este partido. O deputado Lupion outros tantos. O João Elísio não deu nenhum. Ele não tem voto. Logo, não pode me vetar. Ele é ilegítimo”, disparou o deputado, sobre a simpatia do presidente estadual do partido pela candidatura de Beto Richa.

O pré-candidato do PFL disse que espera o apoio do presidente nacional do partido, Jorge Bornhausen, na reunião de hoje. Greca acredita que poderá reverter a decisão de ontem na convenção de junho, com o reforço dos convencionais do partido. Segundo ele, o PFL do Paraná corre um sério risco ao atrelar-se à candidatura de Beto. “O vice-prefeito de Curitiba tem um processo eleitoral sobre ele. Seu destino está ligado ao do prefeito Cassio Taniguchi. O partido, no Interior, já tem consciência de que ele está mais para tucano do que para pefelista”, afirmou o deputado, referindo-se às denúncias de existência de um “caixa 2” na campanha à reeleição de Taniguchi, em 2000.

Greca também criticou o ex-secretário de Desenvolvimento Urbano, Lubomir Ficinski, que recuou na sua pré-candidatura ao governo. “Ele sempre quis ser vice. E sabemos que ele não foi leal, até pelo fato de não ter saído do governo em janeiro, como todos os outros secretários. Usou a máquina até abril e continua usando”, acusou. Ficinski deixou o cargo há 50 dias (EC).

Richa comemora reforço

O vice-prefeito de Curitiba, Beto Richa, considerou a adesão do PFL a sua candidatura ao governo como um reforço para o seu projeto de vencer as eleições no Estado. “Eu não esperava outra decisão porque os dois partidos estão juntos no Paraná há oito anos”, afirmou Beto, que espera a participação efetiva do governador Jaime Lerner (PFL) e do prefeito Cassio Taniguchi(PFL) em sua campanha.

O tucano disse ainda que nos próximos dias será fechado o pré-acordo com o PPB, que deverá indicar o deputado estadual Toni Garcia como um dos candidatos ao Senado na aliança. Beto afirmou ainda que não exclui o PTB das negociações, embora o partido esteja quase comprometido com a candidatura do senador Alvaro Dias (PDT) ao governo.

O presidente da executiva estadual do PSDB, deputado federal Basilio Villani, marcou uma reunião, para o início da próxima semana com os dirigentes do PFL com o objetivo de tentar definir o nome do candidato a vice de Beto. Ele informou que a convenção tucana deverá ser realizada entre 11 e 12 de junho, em Curitiba.

Curitiba, terça-feira, 21 de maio de 2002

Derosso assume a Prefeitura

O presidente da Câmara de Vereadores, João Cláudio Derosso (PSDB), tomou posse ontem no lugar do prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi (PFL) que seguiu para o Japão. O vice-prefeito Beto Richa (PSDB) não assumiu o cargo porque é pré-candidato ao governo do Estado, e caso assumisse, ficaria inelegível. Derosso fica no novo cargo até o dia 1.º de junho. Enquanto estiver na Prefeitura, a presidência da Câmara fica a cargo do vereador Mauro Moraes (PSC).

Taniguchi viajou acompanhado do secretário de governo, Benoni Manfrin, e dos presidentes da Urbs, Frick Kerin, e do Ippuc, Luiz Hayakawa. Eles foram para a cidade de Tóquio, onde irão integrar-se à comitiva do ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, que representa o governo brasileiro nas negociações com os organismos financeiros japoneses. A pauta da comitiva prevê negociações para o financiamento do projeto do metrô de Curitiba, orçado em U$ 343 milhões, que será contratado pela União.

De acordo com as negociações preliminares, o empréstimo junto ao Japan Bank for International Cooperation (JBIC) terá um prazo de quarenta anos de retorno, com dez de carência, variação cambial e juros de um por cento ao ano. O governo federal será o mutuário do financiamento e arcará com o retorno de 60% do valor global financiado. Outros 20% serão assumidos pela iniciativa privada (os futuros concessionários do sistema) e os 20% restantes serão a contrapartida do município (que será feita com a cessão de áreas para implantação do projeto e com desapropriações).

No Japão, Taniguchi e o ministro Celso Lafer deverão se encontrar com representantes do JBIC e têm uma audiência marcada com a ministra das Relações Exteriores do governo japonês, Junko Kawaguchi.

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