PF acusa Dantas de intimidação e corrupção

O novo relatório da Polícia Federal sobre o banqueiro do Opportunity afirma: “Durante o transcorrer das investigações, pudemos perceber que a organização criminosa liderada por Daniel Dantas faz o uso da corrupção e da intimidação para alcançar seus objetivos”.

São 247 páginas que reúnem indícios, esmiúçam as atividades de Dantas e a ele atribuem longa série de violações e delitos contra a União, assim descritos: “Fica claro que a organização criminosa liderada por Daniel Dantas praticou crimes contra a ordem tributária, crimes contra o sistema financeiro, crime de lavagem de capitais, formação de quadrilha, dentre outros”.

Este é o relatório parcial do inquérito 235/08, que foi presidido até julho pelo delegado Protógenes Queiroz, mentor da Operação Satiagraha e dela afastado desde que descobriu-se que ele recrutou clandestinamente arapongas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a missão.

Agora sob responsabilidade do delegado Ricardo Andrade Saadi, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da PF em São Paulo, a investigação mergulha fundo nos negócios do Grupo Opportunity e nas atividades de Dantas, que o delegado qualifica de “banqueiro baiano”.

O documento mostra ligações de Dantas com Marcos Valério, operador do mensalão. A Brasil Telecom (BrT), sob gestão do Opportunity, realizou contratos em valores superiores a R$ 150 milhões com a DNA e a SMP&B, de Valério.

O novo relatório reedita acusações a Dantas que Protógenes já havia feito. A PF afirma que o Opportunity se utiliza de lobistas e manipula a mídia. Destaca as “ferramentas utilizadas pela organização criminosa” assim: “Com o intuito de alcançar seus objetivos, de se manter no controle das companhias e de fazer negócios que tenham um grande retorno financeiro, o Opportunity utiliza-se de diversas ferramentas, lobistas, manipulação da mídia, prática da corrupção e intimidação”.

“A fim de conseguir seus objetivos a organização criminosa liderada por Daniel Dantas utiliza-se de pessoas influentes, os chamados lobistas, bem como procura manipular notícias e opiniões da imprensa”, acentua o relatório.

Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado, fundador do PT, é citado como “possível lobista utilizado pelos criminosos, cuja principal função seria a obtenção de informações de interesse do grupo, a realização de contatos com pessoas importantes, inclusive políticos e integrantes do governo”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.