Paraná tenta reaver créditos do Banestado

O governador Roberto Requião (PMDB) anunciou ontem, durante a reunião semanal do secretariado, que está pedindo a abertura de negociação com o Banco Central e Ministério da Fazenda para descontar R$ 2,2 bilhões do empréstimo feito pelo Banco Central para o saneamento do Banestado.

O valor corresponde a créditos tributários do Banestado que foram transferidos ao Banco Itaú, em 2000. O Itaú comprou o Banestado por R$ 1,6 bilhão (valores da época). Hoje, o procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda, está em Brasília para conversar com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Requião afirmou que se o Banco Central e o Ministério da Fazenda não concordarem em abater o valor dos créditos na dívida do saneamento ou em outros débitos do Estado com a União, irá entrar na Justiça para reaver os recursos. “Ou resolvemos na conversa ou judicialmente. Não é possível que o Paraná feche os olhos a esta situação”, declarou.

O empréstimo do Banco Central para o ex-governador Jaime Lerner (PSB) cobrir o rombo nas contas do banco antes da venda foi de R$ 5,8 bilhões (valores de 2000). Atualmente, o estado desembolsa cerca de R$ 47 milhões ao mês para pagar a dívida com o BC, que deve ser quitada ao longo de trinta anos. O governador disse que vai seguir uma recomendação do Ministério Público Estadual e da CPI do Banestado e vai tentar reaver os créditos tributários que, segundo ele, foram “apropriados” indevidamente pelo banco Itaú.

Requião afirmou que o banco paulista já usou R$ 1,7 bilhão do total dos créditos.

“Queremos nosso dinheiro de volta. Queremos esse crédito compensando o fluxo da dívida. Não queremos mais pagar R$ 47 milhões por mês. O Itaú pagou R$ 1,6 bilhão pelo banco e se apropriou de R$ 1,8 bilhão de créditos. O Itaú ganhou o banco de presente e ainda ganhou uma bonificação de R$142 milhões”, atacou o governador.

Ele afirmou que vai tentar entrar num acordo com o BC porque todos os estados que tiveram seus bancos privatizados durante os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) mantiveram a propriedade dos créditos tributários destas instituições ou puderam descontar do financiamento do Banco Central. “Aqui, os créditos foram dados ao Itaú sem que o estado se beneficiasse”, disse.

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