A Justiça Estadual paranaense julgou 509,7 mil processos em 2008, mas recebeu 780,5 mil novas ações no mesmo período. Esses 171,2 mil processos de diferença, juntam-se aos mais de 2 milhões de processos pendentes de julgamento numa das maiores taxas de congestionamentos do Poder Judiciário no país.

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Os números constam no estudo “Justiça em Números”, divulgado ontem pelo Conselho Nacional de Justiça. No primeiro grau, o índice de congestionamento, ou seja, de processos ainda pendentes, da Justiça paranaense é de 85,6%, menor apenas que os de Pernambuco, Bahia, Amazonas e Alagoas.

Os números do CNJ revelam uma sobrecarga sobre os magistrados paranaenses. Se a taxa de juízes por 100 mil habitantes é de 6,8, maior que a média nacional, de 5,9, o Paraná tem a quarta maior concentração de processos por magistrado.

Cada juiz paranaense da Justiça estadual de primeiro grau tem, em média, 5.878 processos em mãos. Apenas os juízes paulistas, gaúchos e catarinenses têm uma carga maior que os do Paraná.

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Já Justiça Federal, o congestionamento da 4.ª Região, que engloba Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, é de 59,8% no primeiro grau, enquanto na Justiça do Trabalho da 9.ª Região a taxa é de 48,5%.

A pesquisa também revelou quanto o paranaense gastou em 2008 para manter o funcionamento do Poder Judiciário. Do total de tributos pagos pelo contribuinte do estado no ano passado, R$ 151,71 foram para o Judiciário. R$ 40,99 foram destinados à Justiça Federal, R$ 43,21 para a Justiça do Trabalho e R$ 67,51 para a Justiça Estadual. O valor gasto é um pouco superior aos R$ 146,18 gastos em 2007.

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Em comparação com os números de 2007, divulgados em fevereiro deste ano, houve evolução no trabalho da Justiça. O número de processos concluídos no primeiro grau subiu de 363 mil para 402,3 mil e o número de magistrados aumentou de 687 para 715.

Porém, o que mais aumentou foi o número de novos processos. Se em 2007 foram recebidos 616 mil novos processos, no ano passado, 678.447 ações foram propostas no primeiro grau da Justiça Estadual.

O aumento no número de processos foi destacado pelo presidente do CNJ, ministro Gilmar Mendes, como um dos principais dados da pesquisa. Para ele, os números refletem a democratização do acesso à Justiça.

“O cidadão está descobrindo que vale a pena buscar pelos seus direitos”, destacou. De acordo com a pesquisa, 2 milhões de novos casos ingressaram na Justiça de 2007 para 2008, somando um estoque de mais de 70 milhões de processos em tramitação no Judiciário estadual, trabalhista e federal este ano.

Gilmar Mendes comentou que apesar da maior celeridade do Judiciário no último ano, o crescimento da demanda não permitiu à Justiça dar conta do “estoque processual”.